As fronteiras da Bienal de Curitiba : exposição, instituição e diplomacia cultural (2019-2020)
Resumo
Resumo: O caráter diplomático é indissociável das megaexposições periódicas de arte contemporânea, no entanto, nenhum outro evento nacional desse porte parece tão à vontade com a inclinação em atender interesses de política externa e econômica quanto a Bienal de Curitiba. Estabelecendo-se na capital do Estado do Paraná no mesmo período em que a permanência do modelo Bienal começou a ser posta em xeque, a instituição promotora dessa megaexposição, o Instituto Paranaense de Arte (IPAR), não tardou em construir e aprofundar vínculos com as instâncias do poder público municipal, estadual e federal para assegurar sua sobrevivência. Em 2017 o evento se estruturou em um formato de "homenagens", dando atenção à China naquele ano e, na edição seguinte, de 2019, ao BRICS. Com isso em vista, a pesquisa aqui apresentada partiu do propósito de investigar a estreita aproximação entre essa megaexposição de arte contemporânea e a agenda política dos governos, buscando compreender como tal disposição impactou no processo curatorial da 14ª Bienal de Curitiba (2019). Se fez importante dividir a escrita em duas partes, com a primeira discorrendo sobre a configuração institucional do IPAR, os antecedentes da Bienal e as circunstâncias que favoreceram a oportunização do evento às autoridades políticas. Enquanto a segunda parte concentra textos sobre as exposições do núcleo central da Bienal dentro Museu Oscar Niemeyer, espaço que foi dedicado às homenagens ao BRICS na edição em questão. Durante a pesquisa foram consultados catálogos, acervos de imagens digitais e registros fotográficos das exposições, assim como arquivos legislativos, documentos oficiais e notícias publicadas pelas agências e portais dos governos. O processo interpretativo foi amparado por autores/as das Artes Visuais e da Sociologia, como Lisette Lagnado, Paulo Herkenhoff, Moacir dos Anjos e Stuart Hall. Seus escritos embasaram discussões sobre fronteiras (tema/título escolhido para a edição de 2019 da Bienal), megaexposições de arte contemporânea e o cânone das Representações Nacionais. Os textos buscam chamar a atenção para o predomínio de uma linha curatorial estratégica na 14ª Bienal, como resultado de uma escolha política do IPAR endereçada mais ao Itamaraty do que às comitivas dos governos dos países dos BRICS. Abstract: The diplomatic character is inseparable from periodic mega-exhibitions of contemporary art, however, no other national event of this size seems as comfortable with the inclination to serve foreign and economic policy interests as the Curitiba Biennial. Establishing itself in the capital of the State of Paraná in the same period in which the permanence of the Biennial model began to be questioned, the institution promoting this mega-exhibition - the Paranaense Art Institute (IPAR) - wasted no time in building and deepening ties with the instances of municipal, state and federal government to ensure its survival. In 2017, the event was structured in a "homage" format, paying attention to China that year and, in the following edition, in 2019, to BRICS. With this in mind, the research presented here started with the purpose of investigating the close approximation between this mega-exhibition of contemporary art and the political agenda of governments, seeking to understand how such a disposition impacted the curatorial process of the 14th Curitiba Biennial (2019). It was important to divide the writing into two parts, with the first one discussing the institutional configuration of the IPAR, the Biennial's antecedents and the circumstances that favored the event to be used by political authorities. The second part concentrates texts on the exhibitions of the Biennial's central nucleus inside the Oscar Niemeyer Museum, a space dedicated to a BRICS' homage in the edition in question. During the research, catalogs, digital image collections and photographic records of the exhibitions were consulted, as well as legislative archives, official documents and news articles published by government agencies and portals. The interpretive process was supported by authors from the Visual Arts and Sociology, such as Lisette Lagnado, Paulo Herkenhoff, Moacir dos Anjos and Stuart Hall. Their writings were the basis for discussions on borders (theme/title chosen for the 2019 Biennial edition), mega-exhibitions of contemporary art and the canon of National Representations. The texts seek to draw attention to the predominance of a strategic curatorial line at the 14th Biennial, as a result of a political choice by IPAR addressed more to Itamaraty than to the delegations of the governments of the BRICS countries.
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