Histórias que dão forma : criatividade e socialidade entre as ceramistas Karajá (TO)
Resumo
Resumo: Esta dissertação investiga a produção de ritxòkò feita pelas ceramistas Karajá da aldeia Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal (TO). Esta aldeia configura-se como o principal polo ceramista dos Karajá e é tida como o local de origem da ritxòkò. Há bastante tempo a "boneca Karajá", forma pela qual se convencionalizou chamar a ritxòkò, é alvo de interesse de pesquisadores, turistas, agentes museais e estatais. De objeto lúdico para crianças a ritxòkò gradativamente foi alcançando novos estatutos entre os não indígenas - como "objeto etnográfico", "obra de arte" e, mais recentemente, "patrimônio imaterial". Tais estatutos também foram assumidos pelos Karajá. Assim, a boneca passou a figurar em circuitos como da musealização, do comércio e em oficinas dentro e fora da aldeia. Os sentidos conferidos pelos Karajá à ritxòkò estão conectados aos distintos destinos dados a ela, como também à sua funcionalidade no contexto no qual emerge. Interessa-me compreender o lugar que a ritxòkò assume na vida Karajá. Para isso, procura-se percorrer as etapas do processo produtivo e atentar-se aos repertórios e enredos traçados. Desvela-se nisso relações vividas no passado e no presente, as trajetórias, interesses, aspirações e especialidades das ceramistas, que privilegiam dar forma a um modo de vida propriamente In?: cenas cotidianas e rituais, narrativas mito-históricas e as fases de vida, algumas das quais já preteridas pelos Karajá. Veremos que a ritxòkò se constitui em um sistema de registro e, por isso, em um espaço de enunciação e de controle de significados. Em certo sentido, ela é, em si, um sistema museal. Palavras-chave: Karajá; boneca; arte indígena; registro. Abstract: This study investigates the ritxòkò production by the Karajá potters from the village of Santa Isabel do Morro, in Ilha do Bananal (TO). This village is the ceramist core of the Karajá and is considered as the place of origin of the ritxòkò. For a long time, the "Karajá doll", the name by which the ritxòkò is conventionally called, has been a subject of interest for researchers, tourists, museums and government agents. From a playful object for children, the ritxòkò has gradually reached new status among non-indigenous people -- such as an "ethnographic object", a "work of art" and, more recently, an "intangible heritage". Thus, the doll started to appear in different environments, such as museums, souvenir shops and workshops inside and outside the village. The meanings assigned by the Karajá to the ritxòkò are connected to their distinct destinies, as well as their functionalities in the contexts in which they appear. Here, the interest is understanding the place the ritxòkò takes on Karajá's life. For this, the aim is going through the stages of the production process with special attention to their stories. Unfolding relationships lived in the past and present, paths, interests, aspirations and specialties of potters; all this priorizes modeling a way of life as properly In?: everyday and ritual scenes, mythological/historical narratives and life stages, some of which have already been disregarded by the Karajá. The ritxòkò consists in a register system and, therefore, a space of enunciation and control of meanings. In a sense, it is itself a museum system. Keywords: Karajá; Dolls; Native art; Record.
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