Transtornos do humor no periparto : rastreamento e fatores de risco
Resumo
Resumo: Objetivo: O diagnóstico de transtornos de humor (TH) durante a gestação é complexo e muitas mulheres permanecem sem tratamento. O objetivo deste estudo foi avaliar a efetividade das escalas de rastreamento de TH durante o acompanhamento perinatal em gestantes de alto risco no segundo trimestre e puerpério, a frequência de TH durante a gestação, os principais fatores de risco envolvidos e a relação dos níveis de estradiol e progesterona com a predisposição a TH. Material e Método: Foram selecionadas 61 gestantes no segundo trimestre para a aplicação dos questionários: Escala de Depressão pós-parto de Edimburgo (EPDS), Questionário de Transtornos do Humor (QTH) e Perfil na Gestação. O rastreamento para episódios depressivos e maníacos foi considerado positivo com EPDS ? 13 e QTH ? 7, respectivamente. A entrevista estruturada SCID-5 foi aplicada e obteve-se o diagnóstico categórico. Além disso, foi coletada a amostra sanguínea para dosagem dos níveis séricos de progesterona e estradiol. Após 40 dias de puerpério, as pacientes foram reavaliadas por contato telefônico com os questionários EDPS, QTH e Perfil no Puerpério. Os dados receberam análise estatística de acordo com os objetivos do estudo. Resultados: EPDS foi ?13 em 19,7% dos casos, sendo a prevalência de episódio depressivo maior de 8,2%. QTH foi ?7 em 36,1% das gestantes, com 16,4% diagnosticadas com transtorno bipolar. A sensibilidade e especificidade da EPDS e do QTH foram 80%, 92,1%, 70% e 70,6%, respectivamente. No puerpério, foram reavaliadas 46 pacientes, observando uma diminuição significativa na frequência de rastreamento positivo pela escala EPDS e QTH (p < 0,001). História pessoal prévia de transtorno psiquiátrico e relacionamento conflituoso com o parceiro aumentaram em cinco vezes o risco de TH perinatal. Não foi observada variação significativa da probabilidade de TH de acordo com os níveis de progesterona e estradiol. Conclusão: EPDS e QTH são eficazes para serem utilizados no acompanhamento perinatal. Foi identificado TH em cerca de 25% das gestantes, sendo que a EPDS ? 13 apresentou elevada acurácia e especificidade e o QTH ?7 apresentou semelhante especificidade e sensibilidade. História pessoal prévia de transtorno psiquiátrico e presença de relacionamento conflituoso com o parceiro foram os principais fatores de risco associados ao TH e a dosagem sérica hormonal não se apresentou viável para avaliar a predisposição a TH na gestação. Descritores: Saúde Mental Perinatal, Gestação, Depressão, Transtorno Bipolar, Escalas de Rastreamento Abstract: Objective: The diagnosis of mood disorders (MD) during pregnancy is complex and many women remain untreated. This research aimed to evaluate the effectiveness of perinatal screening tools in high-risk pregnancies during the second trimester and puerperium, the frequency of MD during pregnancy, its risk factors, and the relationship of estradiol and progesterone with the predisposition of MD. Methods: We selected 61 women in the second trimester to apply the Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS), Mood Disorders Questionnaire (MDQ), and Pregnancy Profile. EPDS ? 13 and MDQ ? 7 were considered positive screening for depressive episodes and maniac symptoms, respectively. SCID-5, a structured interview, was applied for categorical diagnosis. Blood levels of progesterone and estradiol were evaluated. After 40 days of postpartum, patients were approached by telephone contact with EPDS, MDQ, and Puerperium Profile. Statistical analysis was evaluated according to the objectives of the study. Results: EDPS was positive in 19.7% of cases, while the prevalence of major depressive episode was 8.2%. MDQ was positive in 36.1% and 16.4% of the patients were diagnosed with Bipolar Disorder. EPDS and MDQ sensitivity and specificity were 80%, 92.1%, 70%, and 70.6%, respectively. During the puerperium, 46 patients were evaluated, observing a significant decrease in the frequency of positive screening by EPDS and MDQ (p < 0,001). Personal history of MD and conflicting relationship with a partner increased five times the risk of MD. There was no significant variation in the probability of MD according to the levels of progesterone and estradiol. Conclusion: EPDS and MDQ are effective to be used in perinatal support. MD was identified in almost 25% of pregnant women and the EPDS cutoff ? 13 showed high specificity and accuracy, while the MDQ ?7 had similar specificity and sensitivity. Personal history of MD and conflicting relationship with partner were the main risk factors associated with MD. Serum hormonal dosage was not significant as a method for evaluating the predisposition of MD in pregnancy. Keywords: Perinatal Mental Health, Pregnancy, Depression, Bipolar Disorder, Screening Tools
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