Biologia de Aegla parana Schmitt, 1942 (Crustacea, Decapoda, Aeglidae) na sub-bacia do Rio Negro, bacia do Alto Iguaçu, sul do Brasil
Resumo
Resumo: Biologia de Aegla parana Schmitt, 1942 (Crustacea, Decapoda, Aeglidae) na subbacia do Rio Negro, Bacia do Alto Iguaçu, sul do Brasil. Um estudo sobre a maturidade sexual morfológica (Capítulo 1), repartição espacial entre juvenis e adultos (Cap. 2) e influência antrópica na estrutura populacional (Cap. 3) foi realizado numa população do anomuro de águas continentais, Aegla parana Schmitt, 1942, ocorrente no Rio Negro, Bacia do Alto Iguaçu, PR/SC. As coletas foram realizadas em dezembro/17, fevereiro, abril e junho/18, sem periodicidade, com auxílio de armadilhas do tipo covo e redes Surber. O primeiro capítulo traz uma estimativa do tamanho do início da maturidade sexual morfológica (MSM) de machos e fêmeas baseada em 332 machos e 255 fêmeas provenientes do Rio Negro (NI a NV) e do seu afluente Rio Totó (T1 a T5), os quais tiveram o CC medido, da ponta do rostro até a margem posterior mediana. Também, o comprimento do própodo (CMAP) do maior quelípodo nos machos, e a largura do abdome (LA) nas fêmeas foram medidos. O ponto de inflexão foi calculado no programa REGRANS. A MSM é atingida pelos machos com 23,15 mm CC enquanto as fêmeas com 17,85 mm CC. Aegla parana atinge o maior tamanho máximo dentre as espécies de eglas conhecidas e os seus machos atingem a MSM com o mais alto valor de CC. O segundo capítulo trata do papel do afluente Rio Totó na distribuição das categorias demográficas da espécie. Eglas coletadas em dois pontos do Rio Negro (NI e NII) e em três pontos do Rio Totó (T1 a T3). As eglas tiveram o CC medido. Também, macroinvertebrados bentônicos foram capturados, identificados e a biomassa pesada. Foi obtido um total de 506 eglas, das quais 146 do Rio Negro medindo 6,90 a 50,25 mm CC,e 360 no Rio Totó, com 4,92 a 20,31 mm CC. Houve uma relação direta entre as medianas de CC das eglas com a distância do ponto de coleta em relação à nascente no Rio Totó: quanto mais distante da nascente, maior a mediana de CC. No Rio Negro, as medianas do CC foram foi de 28,26 e 28,12 mm CC, para machos e fêmeas, respectivamente. Houve forte dominância de moluscos bivalves no Rio Negro, enquanto no Rio Totó, demais macroinvertebrados. Há indicação de migração ontogenética das eglas juvenis do afluente para o rio principal, favorecida pela disponibilidade diferenciada de alimento nestes dois habitats. Isto indica claramente que, para a conservação de eglídeos, há necessidade de conservar tanto o canal principal do Rio Negro onde vivem os adultos, como os seus tributários onde crescem os juvenis. No último capítulo, cinco pontos de coleta foram estabelecidos ao longo do Rio Negro (NI a NV), dos quais foram coletadas 113 eglas com armadilhas do tipo covo, em dezembro de 2017. Foram analisados os poluentes mercúrio, chumbo, cádmio, arsênio, cromo, glifosato + metabólitos e Escherichia coli. Oxigênio dissolvido, pH, temperaturas do ar e da água, e a fisiografia também foram obtidos em todos os pontos de coleta. Somente ferro e coliformes estiveram acima do nível permitido pela Resolução do CONAMA 357/05, e as demais variáveis abióticas abaixo do referido nível. O CC das eglas foi medido. A abundância variou de 10 (NIV) a 36 (NII), num total de 113 eglas. A proporção de sexos foi de 1:1, exceto em NI (4M:1F). Apesar da influência antrópica, Aegla parana está bem estabelecido ao longo do trecho estudado e, paradoxalmente, em NII que está localizado na área urbana, houve maior abundância de eglas, maior número de classes de CC e exemplares de maior CC Abstract: Biology of Aegla parana Schmitt, 1942 (Crustacea, Decapoda, Aeglidae) in the Negro River Sub Basin, Upper Iguaçu Basin, south Brazil. A study on morphological sexual maturity (Chapter 1), spatial distribution between juveniles and adults (Chapter 2) and anthropic influence over population structure (Chapter 3) was performed in a population of the freshwater anomuran Aegla parana Schmitt, 1942 from the Negro River, Alto Iguaçu Basin, southern Brazil. The animals were captured in December/2017, February, April and June/2018, without periodicity, with Surber net and with baited traps. The first chapter provides an estimate of the size of the beginning of the morphological sexual maturity (MSM) of males and females based on 332 males and 255 females from the Negro River (NI to NV) and the Toto River (T1 to T5), that had CL measured, from the apex of the rostrum to the mid-posterior border. Also, the length of the major cheliped propodus (LMAP) in males, and the abdomen width (AW) in females were measured. The inflection point was calculated in REGRANS program. The MSM is reached by males with 23.15 mm CL while females with 17.85 mm CL. Aegla parana reaches the highest maximum size among the known species of the genus and males attain MSM with the highest CL value among them. The second chapter refers to the role of the Toto River tributary in the distribution of the demographic categories of the species. Aeglids collected at NI and NII of the Negro River and at three points of the Totó River (P1 to P3) had the CL measured. In addition, benthic macroinvertebrates were captured, identified and the biomass weighted. A total of 506 aeglids were obtained, from which 146 from the Negro River measuring 6.90 to 50.25 mm CL, and 360 from the Totó River, with 4.92 to 20,31 mm CL. There was a direct relation between the medians of aeglid CL and the distance of the collection point in relation to the spring in the Toto River: the farther from the spring, the higher the median CL. In Rio Negro, the CL medians were 28.26 and 28.12 mm CL, for males and females, respectively. There was a strong dominance of bivalve mollusks in the Negro River, while in the Toto River, other macroinvertebrates. There is an indication of ontogenetic migration of juvenile aeglids from the tributary to the main river, favored by the distinct availability of food in these two habitats. This clearly indicates that for the conservation of aeglids, it is necessary to conserve the main channel of the Negro River where the adults live, and their tributaries where juveniles grow. The last chapter, five collection points were established along the Negro River (NI to NV), of which 113 were collected with "covo" traps in December 2017. The pollutants iron, mercury, lead, cadmium, arsenic, chromium, glyphosate + metabolites and Escherichia coli were analyzed. Dissolved oxygen, pH, air and water temperatures, and physiography were also obtained at all collection points. Only iron and coliforms were above the level allowed by CONAMA Resolution 357/05, and the other abiotic variables below said level. The aeglids were measured at carapace length (CL). Abundance ranged from 10 (NIV) to 36 (NII). The sex ratio was 1: 1, except at NI (4M: 1F). Although the anthropic influence, Aegla parana is well established along the stretch studied; paradoxically, at NII that is located in the urban area, there was an increased abundance of eglas, a greater number of CL classes and higher CL specimens.
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