Três textos de Stevenson : o ser humano, a ciência e horror do final do século XIX vitoriano
Resumo
Resumo : Reconhecendo-se na produção literária um espaço de voz para a subjetividade
humana, suas formas de dar sentido e apreender seu contexto, além de significá-lo,
tendo como seu cerne uma carga de produção simbólica de verdade, a presente
proposta de pesquisa se apresenta sob as perspectivas da história cultural a fim de
investigar impactos e manifestações da subjetividade humana em relação às questões
relacionadas às transformações impostas pelo contexto de época do final do século
XIX inglês nas obras literárias The Body Snatcher (1884), Strange Case of Dr. Jekyll
and Mr. Hyde (1886) e Markheim (1886), do autor escocês Robert Louis Stevenson,
em suas possíveis construções de sentido de realidade e constituição de identidade
humana e suas relações de consonância e transgressão às imposições e demandas
sociais do período.
Época de transição histórica em que a ciência, em seus avanços, associada ao
racionalismo, clama pelo lugar de verdade outrora concedido à religião, e o
individualismo se impõe em lugar de uma sociedade que, antes da Revolução
Industrial e desenvolvimento do capitalismo, guiava a constituição do sujeito
estruturada na coletividade, a segunda metade do século XIX se configura como um
momento em que a identidade do que é ser humano e do que é a verdade está em
crise evidente. Neste período, o desenvolvimento científico, sobretudo pela
popularidade do darwinismo e de outros estudos científicos atrelados à questão da
bilateralidade cerebral, ganha atenção e gera angústia de forma concomitante. As
angústias diante do discurso da degenerescência, bem como o desconforto frente às
respostas oferecidas pelas ciências, diferentes daquelas idealizadas no início do
século e aquém, potencializam a dificuldade característica de momentos de transição
contextual do homem; tal condição impõe e implica o definir-se para si mesmo e em
relação ao outro, ao contexto, aos novos modos de vida, à urbanização, ao anonimato,
à individuação e ao individualismo. As angústias geradas por tal configuração não
seguem em silêncio, manifestando-se posicionamentos reacionários ao dogmatismo
do cientificismo e outras características supracitadas do contexto de época nas obras
literárias que servem como fonte de análise para a presente proposta de trabalho.
Palavras-chave: Fim do século XIX vitoriano; Literatura e Contexto Histórico;
Subjetividade. Abstract : Considered a way of expressing human subjectivity, capable of enlightening mankind
ways of create an express meanings and ways of understanding – or not - the human
being and its context , literature has a potential, symbolic and productive charge that
generate modes of expressing reality in a particular way; that’s the reason why the
proposal of this research work is based on the perspective of Cultural History, with the
intention to investigate impacts and manifestations of mankind subjectivity regarding
the historical changes imposed during the Victorian nineteenth century on the literary
works The Body Snatcher (1884), Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde (1886) and
Markheim (1886), by the Scottish author Robert Louis Stevenson, literary works
analyzed at this material on its possible suggestions of meanings and creative
possibilities of "Reading" and "creating" reality regarding the context in which they were
written on the search for a (re)constitution of what it was the human identity and its
relations of consonance and transgressions to the impositions and social demands of
the mentioned period.
Time of historical transitions in which advances in sciences, associated to rationalism,
are claiming for the throne of truth once occupied by religions, and also time for
individualism to impose itself in opposition to a society that once, before Industrial
Revolution and rise of capitalism used to guide the constitution of the self based on its
place on collectivity, the second half of nineteenth century defines itself as a moment
in which the identity of what it is to be human and the reference about "truth" are facing
undeniable crisis. At this time, scientific development, most of all by the explosive
popularity of Darwinism and other scientific studies related to the dual-brain theory,
calls attention and anguish concomitantly to itself. The anguish related to the scientific
theory of degeneracy, as the uncomfortable feeling generated by the answers offered
by Science about man and society, that are a bit different from those idealized in the
beginning of the century and before that, increased the so-common tendency of
moments of historical transition to destabilize mankind subjectivity; this condition
imposes and implicates the definition of the self to itself, others and the social context,
new models of life, urbanization, anonymity, individuation and individualism as an
imperative. The restlessness generated by this configuration do not flows silently, and
reactionaries rises their voices opposing to the scientific dogmatism and all other
context particularities already mentioned above; this reactions are manifested on the
literary works that are the source of analysis on the present material.
Key-words: End of vitorian nineteenth century; Literature e Historical Context;
Subjectivity.
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