Agentes transmitidos por carrapatos e fauna ixodídica em cães no estado do Paraná
Resumo
Resumo: Os carrapatos são ectoparasitas que podem transmitir diversos agentes patogênicos aos animais e seres humanos. A distribuição desses vetores varia de acordo com as características ambientais e a disponibilidade de hospedeiros de cada região. No Brasil, existem várias espécies parasitando cães. Dessa forma, o conhecimento das espécies de carrapatos que ocorrem em uma região é importante para determinar e precaver as possíveis doenças transmitidas por esses vetores e o risco de suas ocorrências. Nos cães com hemoparasitoses transmitidas por carrapatos, os sinais clínicos são semelhantes e inespecíficos. O diagnóstico baseado na identificação dos agentes infecto-parasitários é importante para avaliar o potencial zoonótico e o melhor tratamento. No Paraná existem poucos estudos que identificaram os carrapatos em cães e os agentes transmitidos por esses vetores. O presente trabalho foi dividido em dois capítulos. O primeiro capítulo objetivou identificar as espécies de carrapatos que parasitam os cães nas mesorregiões geográficas: Metropolitana de Curitiba (MC), Centro Oriental (COP) e Centro Sul Paranaense (CSP), e determinar a ocorrência de cada espécie por mesorregião. Foram coletadas amostras de carrapatos de 26 cães provenientes da mesorregião MC, 29 da COP e um da CSP. Os carrapatos foram retirados da pele dos cães com a utilização de pinça e acondicionados em tubos com álcool isopropílico. Dos 56 cães foram coletados 253 carrapatos que foram caracterizados morfologicamente de acordo com a espécie. Do total de carrapatos, 69,6% foram identificados como pertencentes à espécie Rhipicephalus sanguineus sensu lato (s. l.), 28,1% como Amblyomma aureolatum e 2,4% como A. ovale. Dos 26 cães da mesorregião MC, 57,7% estavam parasitados por R. sanguineus s. l., 38,5% por A. aureolatum e 3,8% por A. ovale. Na mesorregião COP dos 29 cães parasitados, 72,4% eram por A. aureolatum e 27,6% por R. sanguineus s. l.. Na CSP foi obtida uma amostra, identificada como A. aureolatum. O segundo capítulo objetivou descrever as alterações clínicas e hematológicas observadas nos cães com carrapato; determinar a soroocorrência para piroplasmas nos cães das mesorregiões estudadas; investigar a presença de Babesia sp., Ehrlichia sp. e outros agentes da família Anaplasmataceae nos cães; e descrever os resultados hematológicos e bioquímicos dos cães infectados com Rangelia vitalii, E. canis e agentes da família Anaplasmataceae. Cinquenta e seis cães com carrapato foram avaliados por meio da história clínica, exames físicos e hematológicos, ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) e reação em cadeia da polimerase (PCR). Foi realizado o sequenciamento genético das amostras positivas na PCR para Ehrlichia sp. e Babesia sp. Amostras de sangue dos 56 cães foram obtidas por punção da veia cefálica ou jugular, acondicionadas em tubos estéreis: com anticoagulante ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) para realização do hemograma, exame de camada leucocitária e PCR; e em tubos sem anticoagulante para a obtenção do soro para a sorologia. Os principais sinais clínicos observados nos cães com carrapato foram: depressão, anorexia, desidratação e febre. As principais alterações hematológicas nos cães com carrapato foram: anemia, leucocitose, neutrofilia e eosinofilia. A taxa de soropositividade no ELISA para piroplasmas foi de 76% na MC e 64,3% na COP. O cão da CSP foi soronegativo. Um cão procedente da mesorregião MC foi positivo na PCR para Babesia sp., contudo, o produto da PCR foi sequenciado e gerou sequências de DNA que foram 100% idênticas às amostras de R. vitalii; um cão da COP foi positivo na PCR para Ehrlichia sp., e no sequenciamento genético a amostra revelou 100% de identidade com E. canis; e um cão da MC foi positivo para a família Anaplasmataceae. As principais alterações nos exames do cão infectado por R. vitalii foram anemia, leucocitose, neutrofilia e trombocitopenia; hipoalbuminemia e aumento nos valores de uréia, AST, GGT, bilirrubina direta e total. No cão infectado por E. canis verificou-se anemia, leucocitose, neutrofilia e linfocitose; hipoalbuminemia e aumento da proteína total, bilirrubina direta, globulinas e ALT. No cão positivo para a família Anaplasmataceae verificou-se eosinofilia e hipoalbuminemia. Os resultados desse estudo indicam um risco potencial para a exposição dos cães para carrapatos das espécies R. sanguineus s. l., A. aureolatum e A. ovale, assim como para agentes transmitidos por eles, como a R. vitalii, E. canis, B. canis e agentes a família Anaplasmataceae, nas mesorregiões estudadas; possibilitaram a obtenção de dados de soroocorrência para piroplasmas, ainda não descrita no estado, consiste na detecção molecular e sequenciamento genético de R. vitalii e o primeiro sequenciamento genético de E. canis do Paraná. Palavras-chave: Amblyomma aureolatum, Amblyomma ovale, Ehrlichia canis, piroplasma, Rangelia vitalii, Rhipicephalus sanguineus sensu lato. Abstract: Ticks are ectoparasites that can transmit various pathogenic agents to animals and humans. The distribution of these vectors varies according to the environmental characteristics and host availability of each region. In Brazil there are several species parasitizing dogs. Thus, knowledge of the tick species that occur in a region is important to determine and preclude the possible diseases transmitted by these vectors and the risk of occurrence. Dogs with tick-borne hemoparasitosis show non-specific and similar clinical signs. The diagnosis based on the identification of the infectious-parasitic agents is important to evaluate the zoonotic potential and the best treatment. In Paraná there are few studies that identified the ticks in dogs and the agents transmitted by these vectors. The present work was divided in two chapters. The first chapter aimed to identify the species of ticks that parasitize dogs in the geographic midland regions: Metropolitana de Curitiba (MC), Centro Oriental (COP) e Centro Sul Paranaense (CSP), and determine the occurrence of each species by midland region. Samples of ticks were collected from 26 dogs from the MC midland region, 29 from the COP and one from the CSP. The ticks were removed from the dogs???????????? using tweezers and packed in tubes with isopropyl alcohol. Of the 56 dogs were collected 253 ticks that were characterized morphologically according to the species. Of the total number of ticks, 69.6% were identified as belonging to the species Rhipicephalus sanguineus sensu lato (s. l.), 28.1% as Amblyomma aureolatum and 2.4% as A. ovale. Of the 26 dogs of the MC midland region, 57.7% were parasitized by R. sanguineus s. l., 38.5% by A. aureolatum and 3.8% by A. ovale. In the COP midland region of the 29 parasitized dogs, 72.4% were by A. aureolatum and 27.6% by R. sanguineus s. l.. In CSP, a sample, identified as A. aureolatum, was obtained. The second chapter aimed to describe the clinical and hematological changes observed in dogs with ticks; to determine the serooccurrence for piroplasms in dogs of the midland regions studied; to investigate the presence of Babesia sp., Ehrlichia sp. and other agents of the Anaplasmataceae family in dogs; and to describe the hematological and biochemical results of dogs infected with Rangelia vitalii, E. canis and agents of the Anaplasmataceae family. Fifty-six dogs with ticks were evaluated through clinical history, physical and hematological exams, enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) and polymerase chain reaction (PCR). Was performed the gene sequencing of PCR positive samples for Ehrlichia sp. and Babesia sp. Blood samples from the 56 dogs were obtained by puncture of the cephalic or jugular vein, placed in sterile tubes: with anticoagulant ethylenediaminetetraacetic acid (EDTA) to perform the blood count, buffy coat and PCR; and in tubes without anticoagulant to obtain serum for serology. The main clinical signs observed in dogs with ticks were: depression, anorexia, dehydration and fever. The main hematological changes in dogs with ticks were: anemia, leukocytosis, neutrophilia and eosinophilia. The seropositivity rate in ELISA for piroplasms was 76% in MC and 64.3% in COP. The CSP dog was seronegative. A dog from the MC mesoregion was positive in the PCR for Babesia sp., nevertheless the PCR product was sequenced and generated DNA sequences that were 100% identical to the R. vitalii samples; one COP dog was positive in PCR for Ehrlichia sp., and in the gene sequencing of 100% identity sample with E. canis; and one MC dog was positive for the Anaplasmataceae family. The main alterations in the examinations of the dog infected by R. vitalii were anemia, leukocytosis, neutrophilia and thrombocytopenia; hypoalbuminemia and increased urea, AST, GGT, and total bilirubin levels. In the dog infected with E. canis the anemia, leukocytosis, neutrophilia, lymphocytosis, hypoalbuminemia and total protein increase, direct bilirubin, globulins and ALT, were observed. In the dog positive for the Anaplasmataceae family, eosinophilia and hypoalbuminemia were observed. The results of this study indicate a potential risk for the exposure of dogs to ticks of the species R. sanguineus s. l., A. aureolatum and A. ovale, as well as to agents transmitted by them, such as R. vitalii, E. canis, B. canis and agents of the Anaplasmatacea family, in the midland regions studied; made it possible to obtain serooccurrence data for piroplasms, not yet described in the state, consists of the molecular detection and gene sequencing of R. vitalii and the first gene sequencing of E. canis from Paraná. Keywords: Amblyomma aureolatum, Amblyomma ovale, Ehrlichia canis, piroplasm, Rangelia vitalii, Rhipicephalus sanguineus sensu lato.
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