Avaliação da função tireoideana pré e pós-transplante de medula óssea
Resumo
Resumo: O sucesso do transplante de medula óssea como tratamento de doenças potencialmente fatais, tem resultado em um número crescente de pacientes curados ou com sobrevida a longo prazo. Complicações em órgãos não hematopoiéticos são observadas com freqüência crescente. Com o objetivo de detectarmos alterações tireoidianas relacionadas à doença de base ou ao transplante de medula óssea, desenvolvemos um estudo da função tireoidiana em 13 pacientes submetidos a transplante de medula óssea na Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, durante o período de junho de 1989 a maio de 1991. Para serem incluídos no trabalho, os pacientes teriam que ser submetidos a transplante de medula óssea alogênico, não ter iniciado o condicionamento antes da primeira avaliação e sobreviver por um tempo mínimo de 6 meses após o TMO. Os pacientes foram submetidos a uma avaliação antes do início do condicionamento e a duas avaliações posteriores ao transplante. O condicionamento consistiu de quimioterapia adequada a doença básica. Nas três avaliações foram realizadas dosagens basais de T4 Total, T3 Total, T3 Reverso, T4 Livre, T3 Livre, Anticorpos Antitireoglobulina e Antimicrossomal e Prova de estímulo com TRH. Foram realizadas comparações entre as médias das dosagens hormonais e os resultados da prova do TRH (TSH basal e Delta TSH) foram comparados com os resultados de um grupo controle normal. O Delta-TSH de cada avaliação foi comparado com o uso de corticosteróides. A avaliação pré-TMO foi normal nos 13 pacientes estudados. Nas avaliações pós-TMO, não detectamos alterações significativas das dosagens de T4 Total, T3 Total, T4 Livre, T3 Livre, TSH-Basal, apesar de observarmos em alguns pacientes alterações semelhantes as encontradas em pacientes com doença sistêmica. O T3 Reverso apresentou na 3ª avaliação, um aumento médio de 17,7 ng/dl, acima dos valores normais de referência e maior que as avaliações anteriores. Na prova do TRH, 6 pacientes apresentaram respostas bloqueadas ou inadequadas, o Delta-TSH (pico máximo - valor basal) da 1ª avaliação foi estatisticamente superior ao Delta-TSH da 2ª e 3ª avaliações, sugerindo uma alteração na resposta ao TRH pós-TMO. Observamos uma diminuição do Delta-TSH nos pacientes que foram avaliados na vigência de corticoterapia. Concluímos que o tratamento da doença básica e a quimioterapia preparatória não levaram a alterações da função tireoidiana nos pacientes estudados. A análise global pós-TMO precoce, não evidenciou alterações significativas, no entanto na avaliação individual de 8 casos encontramos aumento do T3 reverso, resposta inadequada na prova do TRH e T4 aumentado ou diminuído, alterações compatíveis com as descritas em pacientes com doença sistêmica. Abstract: The success of the Bone Marrow Transplantation (BMT) for the treatment of potentially lethal diseases, has resulted in an increasing number of patients who are cured or long-term survivors. An increasing number of complications in non-hematopoietic organs have been observed in these patients. The objective of the present study was to detect thyroid changes diseases related to the underlying disorder or to BMT. The authors performed a prospective study of thyroid function in 13 patients subjected to BMT at the Bone Marrow Transplantation Unit of Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, from june 1989 to may 1991. The criteria used for patient selection were: candidates to allogenic BMT not yet subjected to the preparatory chemotherapy regimen; and survival of a minimum of six months following BMT. Thyroid evaluation was performed once before the beginning of the preparatory regimen and twice after BMT. The preparatory regimen consisted of chemotherapy appropriate to the original disease and it was followed by BMT. On each thyroid evaluation, basal levels of the total T4, total T3, reverse T3, free T4, free T3, antithyroglobulin and antimicrossomial antibodies were measured, and a stimulation thyrotropin-releasing hormone test was performed. Correlations between the mean levels of hormones were performed. The results of the TSH tests (basal TSH and increment of TSH) were compared with the results of a normal control group. The TSH increment of each evaluation was correlated with the use of glucocorticosteroids. The thyroid evaluation prior to BMT was norm in all patients. After BMT, no significant changes in total T4, total T3, free T4, free T3, and basal TSH were observed. In some patients, however, changes similar to those observed in patients with severe systemic diseases were noted. In the third evaluation, reverse T3 levels were significantly increase, when compared to the levels observed in the other two evaluations. In some patients, the TRH test had an unsuitable or blunted response: the TSH increment in the second evaluation was statistically smaller than the increment found in the first evaluation. This finding suggests an alteration in the TSH response after BMT. A decreased TSH response in glucocorticosteroids-treated patients was observed. The authors conclude that the original disease, preparatory chemotherapy and BMT did not induce significant changes in thyroid function in this group of patients. Some patients, however showed hormonal alterations resembling those found in patients with systemic non thyroid illness.
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