Unidade de AVC : ensaio clínico randomizado
Abstract
Resumo: A incidência de AVC de 156 casos / 100.000 habitantes, no ano de 1997 em Joinville, representa o dobro das incidências de vários países ocidentais. Uma estratégia alternativa para minimizar esses índices é a otimização da assistência clínica em unidades especializadas para acidentes cerebrovasculares (U-AVC). A primeira U-AVC brasileira, estruturada em Joinville em 1997, atende 200 pacientes ao ano. O objetivo deste estudo foi avaliar se o tratamento agudo em uma U-AVC reduz a morbi-mortalidade quando comparado a uma enfermaria geral convencional. No período de 1o de agosto à 31 de dezembro de 2000, os pacientes foram selecionados para um grupo experimental (U-AVC) ou para um grupo controle (enfermaria geral- EG). Foram selecionados 35 pacientes na U-AVC e 39 pacientes na EG. Incluímos no protocolo todos os pacientes internados no Hospital São José, com diagnóstico de AVC, ocorridos em até 7 dias após o início dos sintomas. Através de números randômicos gerados por computador e disponíveis no pronto socorro em envelopes selados e numerados, os pacientes foram alocados entre a U-AVC e uma enfermaria geral (EG). Os grupos foram pareados nos aspectos clínicos e demográficos. Comparou-se o tempo de internação, letalidade e o grau de dependência funcional e clínica medidas pelo índice de Barthel (IB) e pela Escala Escandinava de AVC (SSS) respectivamente, no dia da admissão, no 5o dia, e no 3o e 6o meses após o ictus. A letalidade dentro dos primeiros 10 dias nos pacientes da UAVC foi de 8.5% e 12.8% na EG (p=.41), em 30 dias foi de 14.2% na U-AVC e 28.3% na EG ( p=.24), em 3 meses 17.4% na U-AVC e 28.7% na EG.( p=.39 ) e no 6o mês, 25.7% na U-AVC e 30.7% na EG ( p=.41) . A curva de sobrevida em 30 dias evidenciou uma tendência de menor letalidade na U-AVC (logrank de 1.8 ; p-.17). Em 6 meses, o número de pacientes necessários para evitar um óbito (NNT) na UAVC foi de 20 e o NNT para se conseguir um paciente a mais independente em casa foi de 15. Não houve diferença significativa no tempo de internação e de morbidade nas escalas SSS e IB durante o seguimento. Nosso estudo mostra que não houve benefício significativo entre os pacientes tratados na U-AVC em relação a EG. Os resultados confirmam a necessidade de novos estudos com maiores amostragens. Apesar da literatura já ter definido a eficácia deste modelo de assistência clínica para pacientes com AVC, são necessários estudos nacionais cooperativos para definir o real papel das U-AVC no Brasil.t Abstract: The incidence of stroke in Joinville is very high when compared to most ocidental countries with an estimated incidence of 156 cases/100 000 habitants. Stroke units (SU) have been regarded since 1980 as an alternative to improve medical care by aggregating coordinated specialized resources. The first brazilian stroke unit has been functioning in Joinville since 1997 with nearly 200 new inpatients/ year. To assess the impact of a stroke unit on the morbidity and mortality rates when compared to a conventional general ward treatment (GW), a prospective randomized controlled study was undertaken between August and December 2000. Seventy-four consecutive patients admitted to Hospital São José with recent stroke (less than seven days) were randomly allocated at the stroke unit (n=35) or conventional general ward (n=39). Results obtained in both groups were compared regarding the lenght of hospital stay and mortality. Functional and neurological morbidity at subsequent six months period were also assessed by Barthel Index (Bl) and Scandinavian Stroke Scale (SSS), respectively. Mortality at the first ten days at SU and GW was 8.5% and 12.8% respectively (p=.41), whereas 30-days mortality rates achieved 14.2% and 28.3% (p=.12). Log-rank test for 30-days survival curve was 1.8 (p=.17). Threemonths mortality was 17.4% for SU and 28.7% for GW group (p=.19).The number necessary to treat to prevent one death (NNT) in one month was 7 and 20 in 6 months. No significant difference was found regarding the lenght of stay and morbidity Bl or SSS scales. No significant benefit was found in SU patients compared to GW group. Despite no significant difference were found among results obtained by SU and GW groups, an evident benefit in absolute numbers was observed in lethality, survival curve and NNT in thirty days period after stroke. Further collaborative studies or more samples are required to define the role of SU .
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