Experiência da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica no Programa de Transplante Hepático do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná : os primeiros 20 casos
Resumo
Resumo: Este estudo relata a experiência inicial da Unidade de Terapia Intensiva do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paraná com os cuidados pos-operatórios de crianças submetidas a transplante hepático. No período compreendido entre julho de 1992 a novembro de 1996, dezoito crianças (12 meninos, 6 meninas), portadoras de hepatopatias crônicas, receberam um total de 20 transplantes hepáticos ortotópicos. Duas crianças foram retransplantadas; embora quatro outras necessitassem do procedimento, nenhum enxerto foi disponível. A idade variou de 5 a 17 anos. O tempo médio de permanência na Unidade de Terapia Intensiva foi de 19.3 dias, variando de 3 a 85 dias. Os doadores foram selecionados segundo o grupo sanguíneo ABO e compatibilidade de peso. A imunossupressão básica constituiu-se de ciclosporina, corticosteroide e azatioprina. As principais intercorrências no período operatório foram: hemorragia, hipotensão arterial, hipotermia, redução do debito urinário, hiperglicemia e acidose metabólica. Na admissão a Unidade de Terapia Intensiva foram observadas hipotermia, hiper-hidratação, hiperglicemia e acidose respiratória. No decorrer dos primeiros dias de pos-operatório hipocalemia, hipocloremia, hipocalcemia, hipofosfatemia e alcalose metabólica foram as alterações hidro-eletrolíticas e acido-básicas observadas. As complicações respiratórias mais comuns foram atelectasia e derrame pleural. Hipertensão arterial e bradicardia sinusal foram as manifestações cardiovasculares. Entre os agentes infecciosos, as Enterobacteriaceas e o Citomegalovirus foram os mais frequentes. Intercorrências hematológicas, renais e neurológicas também foram observadas. Dois pacientes apresentaram disfunção primaria do enxerto. Rejeição celular aguda foi a disfunção do enxerto mais frequente nos primeiros 15 dias de pos-operatório. Três pacientes apresentaram rejeição ductopenica crônica, outros tres trombose da artéria hepática. As principais causas de falência do enxerto e indicação para retransplante foram trombose da artéria hepática, rejeição ductopenica crônica e disfunção primaria do enxerto. A sobrevida dos pacientes no período de internação na Unidade de Terapia Intensiva, um ano após o transplante e a sobrevida geral foram de 84.2 %, 60% e 50%, respectivamente. Nove pacientes, com tempo médio de acompanhamento de 25 meses, estão integrados as atividades normais para idade. Em conclusão, o transplante hepático melhorou significativamente a qualidade de vida de crianças com hepatopatias graves. O conhecimento das possíveis complicações nas diferentes fases do período pos-operatório, possibilitara otimizar os cuidados intensivos através da implementação precoce de intervenções, determinando resultados gradativamente melhores.
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