Por uma ontologia do espaço turístico : contribuições para uma consciência do real e do possível
Resumo
Resumo: Contando com atributos que devem ser absorvidos como valores para a troca,o espaço adjetivado como turístico é tratado de acordo com critérios que garantam os fluxos. Nesse contexto, fatos que qualificam sociabilidades e espacialidades ganham visibilidade, ao mesmo tempo em que se promove a disjunção e projeção de indícios como se fossem totalidades. Ocorre que o alicerce socioprodutivo dessa dinâmica, orientada à ampliação dos circuitos de diferentes capitais nas e a partir de localizações que lhe são mais vantajosas, tende a se pautar em relações estabelecidas para a valorização do valor - interações estas que dissolvem ou deixam à margem atividades antes centradas no trabalho útil improdutivo. Tanto no sentido do consumo, como no da produção, o turismo pode ser entendido, então, como um controlador social, mas é preciso verificar como isso se efetiva. Considerando que as abordagens que proclamam a desvinculação entre "cultura" e economia política não teriam como apontar esclarecimentos que estivessem além das dimensões em que trabalham, para buscar respostas é necessário empreender uma análise acerca da forma como o espaço é produzido, sendo este o objetivo principal do estudo que foi dividido em três partes. Na primeira é evidenciada a atualidade e urgência do método Dialético segundo a concepção do Materialismo Histórico, na qual se demonstra a prioridade ontológica do produzir e do reproduzir-se socialmente frente às ideias. Na segunda parte, a atividade de trabalho é apontada como ação teleologicamente orientada para um fim, mas que gera desdobramentos não inteiramente mensuráveis. Entre teleologia e causalidade, inscreve-se a liberdade em se optar por alternativas criadas pelos sujeitos, a qual está vinculada antes a um quadro social do que a uma opção individual. Nesta etapa assinalam-se as reais possibilidades de liberdade de uso do tempo, com o aprofundamento e avanço geográfico de interações centradas no dinheiro que se transforma em capital, assim como busca-se situar epistemologicamente certas abordagens "dominantes" no turismo. Na terceira parte são tratadas as categorias que
conformam o espaço apropriado pelo turismo, o que envolve o valor, o trabalho em seu caráter útil produtivo, as formas de acumulação, a ideologia, o Estado. Verifica-se que as reestruturações alavancadas por atividades ligadas à hospitalidade-produtiva estão
firmadas em condições precárias de trabalho, fato que se amplifica com o crescimento do
setor e alcança o conjunto das relações sociais em espaços que devem manter o semblante de liberdade e de festividade. Além disso, diante desta e de outras contradições levantadas, bem como de proposições que são combativas, mas que ficam restritas ao mundo das ideias, salienta-se que a ideologia que fragmenta o espaço e deve ser enfrentada não é somente a da superestrutura, mas fundamentalmente aquela associada às interações laborativas reificadas. Com isso, longe de buscar constituir um "receituário" para um "outro turismo", pretende-se neste estudo vislumbrar o campo do possível, reproduzindo idealmente a prática socioespacial concreta - o que significa uma contribuição para se transladar do pensamento referencial apegado à facilidade das aparências naturalizadas e fetichizadas para o conhecimento da realidade em sua dimensão de essência. Résumé: En s'appuyant sur des attributs qui doivent être absorbés comme des valeurs d'échange, l'espace caractérisé comme touristique est traité selon des critères qui assurent les déplacements. Dans ce contexte, les faits qui qualifient sociabilités et spatialités gagnent une certaine visibilité, en même temps que se promeuvent la disjonction et la projection des formes apparentes comme si elles étaient totalités. Il faut tenir compte que le fondement socioproductif de cette dynamique, orientée pour l'élargissement des circuits des différents capitaux dans et à partir d’emplacements plus avantageux, tend à se baser sur des relations établies pour la valorisation de la valeur - ce sont ces interactions qui dissolvent ou laissent de côté des activités auparavant centrées sur le travail utile improductif. Tant dans un sens de consommation, que de production, le tourisme peut être compris, alors, comme un contrôleur social, mais il faut vérifier comment cela se produit. Si l’on considère que les approches qui proclament la déconnexion entre "culture" et économie politique ne sont pas en mesure de clarifier les aspects qui dépassent leurs dimensions d’étude, on doit procéder, pour chercher des réponses à cette question, à une analyse sur la façon dont l’espace est produit - l’objectif principal de cette étude divisée en trois parties. La première partie met en évidence l’actualité et l’urgence de la Méthode Dialectique selon la conception du Matérialisme Historique, qui vise à démontrer la priorité ontologique de la production et de se reproduire socialement vant les idées. La deuxième partie propose de considérer l’activité de travail comme une action téléologiquement orientée vers un objectif, mais qui engendre des répercussions as entièrement mesurables. Entre la téléologie et les liens de causes à effets qui ne sont pas entièrement prévisibles et contrôlables, s’inscrit la liberté de choisir des alternatives créées par les sujets. Elle sera davantage liée à un cadre social qu'à une option individuelle. À cette étape, nous soulignons les possibilités réelles de liberté dans l’utilisation du temps avec l’approfondissement et l’avancement géographique des interactions centrées sur l’argent devenant capital, tout comme on cherche à situer épistémologiquement certaines approches "dominantes" dans le tourisme. Dans la troisième partie on traite les catégories qui constituent l’espace approprié pour le tourisme, ce qui implique : la valeur, le travail productif pour le capital, les formes d’accumulation, l’idéologie, l’Etat. On constate que les estructurations productives orientées sur les activités liées à l’hospitalité-productive se basent sur des conditions de travail précaires. Il s’agit d’un fait qui s’amplifie avec la croissance du secteur, touchant l’ensemble des relations sociales, tandis que les espaces doivent maintenir un semblant de liberté et de célébration. En outre, à ce sujet et au regard d’autres contradictions soulevées, ainsi que des propositions qui sont combatives, mais limitées au monde des idées, il faut mettre l’accent sur le fait que l’idéologie qui fragmente l’espace et qu’on doit affronter n’est pas uniquement de la superstructure, mais damentalement celle qui s’associe aux interactions de travail réifiées. Si on ne cherche donc pas ici à constituer une forme de "prescription" pour un "autre tourisme", on veut dans cette étude de s’approcher du champ du possible, en reproduisant idéalement la pratique socio-spatiale concrète - ce qui signifie une contribution visant à s’affranchir de la pensée référentielle attachée à la facilité des apparences naturalisées et fétichisées pour une connaissance de la réalité dans sa dimension de l’essence.
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- Teses & Dissertações [10564]