O gênero Polybotrya (Dryopteridaceae) na Floresta Atlântica do Brasil
Resumo
Resumo: O gênero de samambaias Polybotrya pertence à família Dryopteridaceae e contém cerca de 35 espécies neotropicais. O gênero é composto por espécies com hábito escandente ou terrícola não escandente que apresentam holodimorfismo foliar, soros não indusiados e meristelos caulinares organizados em um círculo e rodeados por uma bainha de esclerênquima. Embora o gênero tenha sido revisado em 1987, há ainda alguns táxons endêmicos da Floresta Atlântica brasileira que são mal compreendidos. Dentre os objetivos deste trabalho estão: 1) realizar o tratamento taxonômico das espécies ocorrentes na Floresta Atlântica brasileira; 2) investigar o hábito de crescimento do grupo através de cuidadosa observação em campo do local de estabelecimento dos gametófitos e de recrutamento de esporófitos usando P. cylindrica como modelo; 3) descrever a morfologia dos gametófitos de algumas espécies de Polybotrya e 4) identificar a função dos dois tipos de raízes destas plantas. No total, dez espécies de Polybotrya ocorrem na Floresta Atlântica brasileira, das quais sete são endêmicas (Polybotrya cylindrica, P. espiritosantensis, P. matosii sp. nov., P. pilosa, P. semipinnata, P. speciosa e P. tomentosa) e três possuem ampla distribuição (P. goyazensis, P. osmundacea e P. sorbifolia). Dentre os principais resultados destacam-se o reconhecimento de P. tomentosa, o primeiro registro de P. osmundacea para a Floresta Atlântica e para as regiões Nordeste e Sudeste do Brasil e a descoberta de uma espécie nova no sul da Bahia: P. matosii. Quanto aos aspectos biológicos, os gametófitos podem ser tanto glabros quanto pilosos, neste caso apresentando tricomas glandulares. Foi evidenciado pela primeira vez o sistema anteridiogênico em laboratório e para as espécies brasileiras de Polybotrya. A maioria das espécies estudadas são escandentes e não hemiepífitas, como sugerido por estudos anteriores. Polybotrya sorbifolia é a única espécie terrícola não escandente registrada na região. Os resultados indicam que a raiz aérea tem apenas função de fixação, sugerindo que o dimorfismo radicular pode ser uma adaptação à forma de vida escandente.
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