Alterações nutricionais e alimentares no idoso com doença de Alzheimer
Resumo
Resumo: Introdução: o envelhecimento populacional é um fenômeno global. Concomitantemente, ocorre aumento do número de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, incluindo a demência. A doença de Alzheimer (DA) é o tipo mais comum de demência, na qual, além do prejuízo cognitivo, comportamental e funcional, alterações nutricionais são frequentes. Objetivo: descrever e analisar as alterações nutricionais e alimentares em idosos com DA. Metodologia: trata-se de estudo transversal descritivo, no qual foram incluídos idosos com diagnóstico de DA atendidos na Unidade de Saúde de Atenção ao Idoso Ouvidor Pardinho, no município de Curitiba/Paraná, no período de novembro de 2010 a julho de 2011. A Clinical Dementia Rating foi utilizada para definição do estágio da demência. Para classificação do estado nutricional (EN) aplicou-se a Mini Avaliação Nutricional (MAN). Para o diagnóstico de sarcopenia, foram utilizados os testes: impedância bioelétrica (IB) para cálculo do Índice de Massa Muscular Esquelética (IMME); Força de Preensão Manual (FPM) e teste Timed Get Up and Go (TGUG), para avaliação da função muscular. A capacidade funcional foi avaliada pelas escalas Katz e Lawton. Foram realizadas medidas antropométricas, exames laboratoriais (hemoglobina, linfócitos, albumina e colesterol total) e registro alimentar de três dias para complementar a avaliação nutricional. A Zarit Burden Interview (ZBI) foi aplicada para avaliação da sobrecarga do cuidador. Informações sobre sintomas gastrointestinais e alterações comportamentais foram obtidas com os cuidadores. Resultados: Foram avaliados 96 idosos com idade média de 78,0±6,52 anos, prevalecendo gênero feminino (70,8%) e DA leve (54,2%). Segundo a MAN, 55,2% apresentavam risco de desnutrição, o que é evidenciado pela perda de peso involuntária em 64,6% dos pacientes, redução de linfócitos em 55,3% e sarcopenia grave em 43,7%. Todos alimentavam-se por via oral, sendo 62,5% com dieta de consistência normal. Necessitavam de auxílio para servir o prato 44,8% dos idosos; 31,3% não se alimentavam quando a refeição não era oferecida pelo cuidador; e 26,0% se alimentavam menos que o usual. Quanto à adequação dietética: 41,7% ingeriam dieta hipocalórica; 46,9% dieta hipoproteica; e a maioria apresentou ingestão insuficiente de vitaminas A e C, cálcio e ferro. Redução do apetite ocorreu em 31,3% dos idosos; 41,7% apresentavam problemas de mastigação, 20,8% xerostomia; e 11,5% disfagia. Nas fases mais avançadas da doença observou-se pior EN, menor quantidade de massa muscular, pior função muscular, pior capacidade funcional, maior número de alterações comportamentais e maior sobrecarga do cuidador, havendo diferença estatisticamente significativa entre os estágios da demência nas avaliações: MAN (p=0,008), IMME (p=0,054), FPM (p=0,001), TGUG (p<0,001), Katz (p<0,001), Lawton (p<0,001), número médio de alterações comportamentais (p<0,001) e ZBI (p=0,006). Segundo análise de regressão logística, a piora da capacidade funcional independe do EN ou da quantidade de massa muscular do doente, devendo-se à piora da demência. Não foi encontrada correlação entre o EN e a dieta, o número médio de alterações comportamentais ou a sobrecarga do cuidador. Conclusão: os idosos com DA apresentam alta prevalência de risco de desnutrição, dieta inadequada, pior EN e redução da capacidade funcional nos estágios mais avançados da demência, sendo em grande parte semidependentes para alimentação.
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