A emergência da modernidade na França durante o segundo império : das "flores do mal" de Baudelaire ao "J'accuse" de Zola
Resumo
Resumo: O contexto desse trabalho é a segunda metade do século XIX francês, sobretudo parisiense, marcado por grande ebulição política e sociocultural. Além da progressão do fenômeno da modernidade, assistia-se igualmente a um processo de modernização, principalmente, da capital francesa. No quadro histórico cultural, entre modernidade e modernização, surge o Simbolismo como movimento artístico. Antes do movimento, porém, a estética e a crítica do poeta Charles Baudelaire, bem como o enfoque subjetivo se afirmam, como confronto ao viés objetivista e materialista, corporificado na crença da infalibilidade da ciência, na inevitabilidade do progresso, nas facetas realista e naturalista da arte. Assim, este trabalho busca apresentar o autor das Flores do Mal como precursor do movimento simbolista, analisar sua importância como introdutor de uma chamada ?modernidade poética? e, mesmo, identificá-lo como um dos principais críticos da modernidade e dos processos de modernização, em sua faceta mais ampla. Partimos da hipótese de Baudelaire fornecer, já em meados do século XIX, esse protótipo para a prática intelectual fin-de-siècle que emerge no affaire Dreyfus, a partir de sua conduta hipercrítica em relação às mutações do seu mundo e seu quadro de relações pessoais. Da mesma forma, tratamos a figura do intelectual (mas também do campo intelectual) como fruto direto da modernidade e dos processos de modernização. Em outros termos, a emergência daquilo que caracteriza o intelectual teria como fundamento o avanço da modernidade e dos processos de modernização. Em continuidade, a geração simbolista posterior, ao mesmo tempo em que renova e desenvolve esse protótipo, também caminha para o outro lado, o da anti-intelectualidade. Ao fim deste trabalho, esperamos responder às seguintes indagações: em que sentido o movimento simbolista francês formou, ao longo de sua trajetória histórica, uma ideia de identidade estético-literária; como se deu a dinâmica/mecânica da circulação das ideias no interior do movimento francês; por fim, de que forma a prática crítica de Baudelaire e das principais expressões do movimento Simbolista, relacionando-se com as mutações provenientes da modernização e da modernidade, forneceu um protótipo para a prática intelectual (e anti-intelectual) do fim do século. Abstract: The context of this thesis is the second half of the 19th century, in France, especially Paris, that was a period of great political, social and cultural movement. Besides the progression of modernity, there was also a process of modernization, especially at the capitol of France. In the historical and cultural scene, between modernity and modernization, arises the Symbolism as an artistic movement. Before the movement, though, the aesthetics and of the poet Charles Baudelaire, as well as the subjective focus take place as confronting the objectivist and materialist way, embodied in the belief of the infallibility of science, in the inevitability of progress, in the realistic facets and naturalistic art. This study aims to present the author of Flowers of Evil as a precursor of the Symbolist movement, to analyze its importance as an introducer so called "modern poetry" and even identify him as one of the leading critics of modernity and modernization processes. We start with the hypothesis that Baudelaire provides, by the mid-nineteenth century, this prototype for the intellectual practice fin-de-siècle that emerges in the affaire Dreyfus, from his hypercritical conduct in relation to changes in his world and his personal relationships. In the same way, we treat the intellectual figure (but also the intellectual field) as a direct result of modernity and the processes of modernization. In other words, the emergence of what characterizes the intellectual would have as foundation the advance of modernity and modernization processes. Continuing, the subsequent Symbolism generation, while renewing and developing this prototype, it also moves towards the other hand, the anti-intellectual. At the end of this work, we hope to answer the following questions: in what sense the French symbolist movement formed along its historical trajectory, a sense of identity aesthetic-literary, how did the dynamics / mechanics of movement of ideas within the French movement and finally, how the critical practice of Baudelaire and the main expressions of the Symbolist movement, linking up with the changes resulting from the modernization and modernity, provided a prototype for the intellectual practice (and anti-intellectual) at the end of century.
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- Teses & Dissertações [10425]