Função social da propriedade : retomada histórica e crítica de seus fundamentos liberais
Resumo
Resumo: A questão tratada no presente estudo diz respeito à compreensão da função social da propriedade enquanto instituto político, jurídico e econômico, na medida em que paira sobre ele uma compreensão comum de instrumento normativo capaz de mitigar injustiças sociais, quando não se observam resultados práticos no mesmo sentido, em especial na realidade brasileira. Com o intuito de esmiuçar quais as razões desta discrepância, verificam-se as raízes históricas da funcionalização, demandando, primeiramente, a realização de uma digressão histórica em relação ao surgimento e desenvolvimento da noção de propriedade privada até a consolidação da forma moderna de apropriação. Adiante, apontam-se como as mutações do conceito de propriedade privada se comportaram no Brasil, onde as mudanças de mentalidade seguiram um rito próprio, não obstante dependente do modelo eurocêntrico, dando origem a uma estrutura fundiária baseada no latifúndio. Formulando a inspeção histórica das formas de limitação do direito de propriedade privada, chega-se às previsões modernas de constrição da propriedade, destacando-se, normativamente, a consignação da função social da propriedade com a emergência do Estado social. Porém, resta demonstrado que a teoria de funcionalização da propriedade privada dos meios de produção surge ainda na metade do século XIX, com Stuart Mill e Auguste Comte, cujo objetivo teórico era a manutenção do sistema capitalista frente a vulnerabilidades criadas em razão de seus próprios fundamentos liberais, a partir de uma submissão do direito de propriedade aos anseios da coletividade. As contradições resultantes do liberalismo determinam a emergência do Estado social, constituindo-se no momento oportuno para que a funcionalização da propriedade deixasse o campo da teoria e adentrasse na seara normativa, como forma de reafirmação da apropriação privada pela classe proprietária dos bens de produção, porém, envolto por um discurso social persuasivo. No Brasil, a funcionalização é incluída constitucionalmente, tendo no discurso social seu principal alicerce teórico, como exacerbado pela doutrina, e na preocupação econômica produtiva sua sustentação prática. Observando-se a redação da Constituição de Federal de 1988 e a prática administrativa, denota-se que o viés econômico da função social da propriedade é que se sobressai, ficando o discurso social preso à retórica. As transformações sociais que se relacionam com a estrutura de apropriação privada, como a Reforma Agrária, não podem depender da função social, pois se trata de instituto que intervém no direito de propriedade, primordialmente, para atender aos anseios de cunho econômico-produtivo. Riassunto: La questione che si presenta nel presente studio riguarda la comprensione della funzione sociale della proprietà come istituto politico, giuridico ed economico, nella misura in cui resta su di esso una comprensione comune di strumento normativo capace di mitigare ingiustizie sociali, quando non si osservano risultati pratici nello stesso senso, in specie nella realtà brasiliana. Con lo scopo di analizzare quali sono le ragioni di questa discrepanza, si studiano le radici storiche della funzionalizzazione, domandando, per cominciare la realizzazione di una digressione storica rispetto all'avvenimento e sviluppo della nozione di proprietà privata sino alla consolidazione della forma moderna di appropriazione. Un po' avanti, si presentano come i cambiamenti del concetto di proprietà privata si sono comportati in Brasile, dove il cambio di mentalità ha seguito un rito proprio, nonostante dipendente dal modello eurocentrico, dando origine ad una struttura fondiaria basata sul latifondo. Formulando l'ispezione storica delle forme di limitazione del diritto di proprietà privata si arriva alle previsioni moderne di costrizione della proprietà, segnalandosi, normativamente, la consegna della funzione sociale della proprietà con l'emergenza dello Stato sociale. Però, resta evidente che la teoria di funzionalizzazione della proprietà privata dei mezzi di produzione sorge ancora nella metà del secolo XIX, con Stuart Mill e Auguste Comte, il cui scopo teorico era il mantenimento del sistema capitalista di fronte a vulnerabilità create a causa dei suoi propri fondamenti liberali, a partire da una sottomissione del diritto di proprietà ai desideri della collettività. Le contraddizioni risultanti dal liberalismo determinano l'emergenza dello Stato sociale, costituendosi nel momento opportuno perché funzionalizzazione della proprietà lasciasse il campo della teoria e fosse al campo normativo, come forma di riaffermazione della proprietà privata dalla classe proprietaria dei beni di produzione, però, coinvolto da un discorso sociale persuasivo. In Brasile, la funzionalizzazione è inclusa costituzionalmente, avendo nel discorso sociale il suo principale punto teorico, come esacerbato dalla dottrina, e nella preoccupazione economica produttiva la sua sostentazione pratica. Osservandosi la redazione della Costituzione Federale del 1988 e la pratica amministrativa, si vede che il profilo economico della funzione sociale della proprietà è quella che spicca, restando il discorso sociale preso alla retorica. Le trasformazioni sociali che riguardano la struttura di appropriazione privata, come la Riforma Agraria, non possono dipendere dalla funzione sociale, perché è un istituto che interviene nel diritto di proprietà, in origine, per rispondere ai desideri di profilo economico -produttivo.
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