Analise histopatologica da veia safena magna como fator preditivo da patencia precoce do enxerto arterial

Abstract

Resumo: Os objetivos deste estudo foram realizar uma análise histológica da veia safena magna utilizada como enxerto arterial, definido por um método semi-quantitativo a sua qualidade; relacionar a qualidade da veia safena magna como fator isolado na patência precoce dos enxertos arteriais; determinar a influência do sexo e faixa etária dos pacientes na qualidade da veia safena magna; e, ainda, analisar isoladamente a túnica íntima e as camadas musculares longitudinal e circular da túnica média, no tocante a sua qualidade e relação com a faixa etária e sexo dos pacientes e a patência precoce dos enxertos (a patência precoce foi definida ao final do sexto mês de pós-operatório). Ao final da realização de uma revascularização de membro inferior, com o uso de um enxerto de veia safena magna, um segmento circular, de no mínimo um centímetro de comprimento, retirado da porção distai da veia foi encaminhado para estudo histopatológico. Foi analisada a hiperplasia intimai e a hipertrofia das camadas musculares longitudinal e circular da média. Cada uma das três camadas foi classificada em 3 graus de acordo com suas alterações: I - alterações discretas; II - moderadas e III - acentuadas. Para cada grau foi atribuída uma pontuação: grau I - 1 ponto; grau II - 2 pontos e grau III - 3 pontos. Pela somatória da pontuação de cada uma das camadas, a qualidade da veia foi classificada em: a) boa ( somatória igual a 3 pontos); b) regular ( somatória igual a 4 ou 5 pontos) e c) duvidosa ( somatória igual ou superior a 6 pontos). Estas análises foram comparadas no tocante ao sexo e idade dos pacientes e com a patência precoce dos enxertos arteriais. Foram analisadas 144 veias safenas magnas, provenientes de 144 pacientes, 88 pacientes do sexo masculino e 56 do sexo feminino, com uma idade média de 65,7 anos, distribuídos em três grupos quanto a faixa etária: 46 a 59 anos; 60 a 69 anos; e 70 a 88 anos. As veias tinham um diâmetro médio de 3, 81 milímetros, variando de 2 a 7 milímetros. Quanto a qualidade, 82 veias (57%) foram classificadas como de boa qualidade, 49 (34%) de qualidade regular e 13 (9%) de qualidade duvidosa. Não ocorreu diferença na qualidade da veia safena magna, quer na avaliação individual de cada camada, quer pela somatória global das três camadas, em relação ao sexo e idade dos pacientes, bem como, não ocorreu diferença quanto a patência precoce dos enxertos. Este trabalho permitiu-nos concluir que as veias safenas magnas utilizadas como enxerto arterial , na maioria das vezes, são de qualidade aceitável ( boa ou regular qualidade). Entretanto 9% delas são de qualidade duvidosa. A qualidade da veia safena magna independe do sexo e da faixa etária dos pacientes. A qualidade da veia safena magna não é um fator preditivo isolado na patência precoce do enxerto arterial. Não se encontram alterações na qualidade da veia e na patência precoce do enxerto arterial quando analisada individualmente: a íntima, a muscular longitudinal e a muscular circular da média. Não ocorrem variações na qualidade da íntima, da muscular longitudinal e circular da média, decorrente do sexo e faixa etária dos pacientes.

Abstract: The objectives of this thesis are: to evaluate the quality of the greater saphenous veins used in lower limb revascularizations at the moment of implantation, using a semiquantitative method of analysis of the intimal layer, of the longitudinal and circular muscular layers of the media, individually and globally, relating the vein quality with sex and age of the patients, as well as the influence of this quality in the early patency rates (early patency defined as the period to six months after the operations). At the end of a lower limb revascularization with the use of a greater saphenous vein graft, a circular segment of at least one centimeter in lenght, taken from the distal portion of the graft, was sent for histopathological study. The degree of intimal hyperplasia and hypertrophy of the longitudinal and circular muscular layers of the media were analysed. Each one of the three layers was classified into three degrees, according to its alterations : I - minimal; II - moderate and III - severe alterations. For each degree, a grading was given : grade I - 1 point; grade II - 2 points and grade III - 3 points. By adding the grades given to each layer, the quality of the vein was classified in : a) good (up to 3 points); b) regular (4 or 5 points) and 3 - questionable (6 points or higher). The grades were compared with the patients' sex and age and with the early patency of the grafts. A total of 144 veins were analysed from 144 patients, 88 male and 56 female patients, with a mean age of 65.7 years, distributed into three groups : 46 to 59 years; 60 to 69 years and 70 to 88 years. The veins had a mean diameter of 3.81 milimeters, varying from 2 to 7 milimeters. As to quality, 82 veins (57%) were classified as good quality; 49 (34%) as regular quality and 13 (9%) as questionable quality. No differences were seen in vein quality, either in the individual evaluation of the each layer or in the global evaluation of the three layers, in relation with the patients sex ang age. No difference was observed regarding the patency of the grafts. It is concluded that the majority of the greater saphenous veins used as arterial grafts are of acceptable quality (good or regular quality). However, 9 % of the veins are of questionable quality. Nevertheless, no significantly statistical differences were observed in the early patency of the grafts. No differences were observed in the individual or global evaluation of the three layers of the greater saphenous vein, regarding the sex or age of the patients.