A vivência da enfermeira domiciliar no cuidado transpessoal a familiares de neonato egresso de unidade de terapia intensiva
Resumo
Resumo: Pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso, com objetivo de descrever a vivência da enfermeira domiciliar em cuidado transpessoal a familiares de neonato egresso de unidade de terapia intensiva. Realizada no período de 2008 a 2009. Os sujeitos foram sete famílias de neonato egresso de unidade de terapia intensiva, selecionados durante o período de hospitalização da criança. A coleta de evidências deu-se por meio de documentos e de registros em arquivo, os quais foram compostos pelos diários de campo e notas metodológicas desenvolvidos durante os encontros hospitalares e domiciliares. Utilizou-se para isso o Processo de Cuidar proposto por Lacerda (1996) nas suas quatro fases: contato inicial, aproximação, encontro transpessoal e separação, o qual operacionalizou a aplicação da Teoria do Cuidado Transpessoal de Jean Watson e os elementos do processo clinical caritas. Para a análise das evidências, selecionou-se como estratégia analítica geral proposições teóricas e como estratégias analíticas específicas a adequação ao padrão e síntese dos casos cruzados. Foram realizadas vinte e uma visitas à unidade de terapia intensiva neonatal e trinta e nove encontros domiciliares, totalizando aproximadamente noventa horas de cuidado. A partir do processo vivenciado, evidenciaram-se as práticas de cuidados do cuidador familiar e suas demandas e necessidades de cuidado; a importância da equipe de Enfermagem no
processo de hospitalização, alta e cuidados domiciliares; a relação da equipe de saúde neste contexto; fragilidades e potencialidades do sistema de saúde. Pode-se constatar também, que a aproximação com os sujeitos durante o período de hospitalização favoreceu os encontros domiciliares, além de propiciar aprofundar a relação de cuidar e o alcance do encontro transpessoal. Dessa forma, o processo vivenciado na aplicação dos elementos do processo clinical caritas e do processo de cuidar de Lacerda (1996), aponta para a necessidade de envolvimento e desejo mútuo entre os seres da relação de cuidar, para que o encontro e o cuidado transpessoal possam acontecer e a reconstituição seja alcançada; destaca a necessidade de uma profunda reflexão acerca dos aspectos relacionados à formação e a prática da Enfermagem, capaz de despertar nos profissionais o cuidar que transcende o corpo físico e envolve o ser cuidado na relação de cuidar, além de instrumentalizar o futuro profissional para as particularidades do cuidado domiciliar. Esse caminhar possibilitou compreender que as ações objetivas do cuidar precisam estar aliadas ao cuidado humano, expressivo, de forma que a enfermeira assuma diferente postura ante o cuidador familiar. Foi possível perceber, também, a inevitabilidade de transformações das instituições prestadoras de serviços de saúde para que sejam oferecidas condições ao desenvolvimento do cuidado transpessoal de Enfermagem, além de investimentos em pesquisas capazes de aliar o cuidado domiciliar ao cuidado transpessoal na Enfermagem e demais profissões da área de saúde.
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