Variação temporal e espacial de larvas de Crassostrea (Sacco, 1897) (Pterioida: Ostreidae) na Baía de Paranaguá, Paraná
Resumo
Resumo: Larvas de ostras do gênero Crassostrea (Sacco, 1897) foram coletadas quinzenalmente em dois locais da Baía de Paranaguá, Paraná (entrada e interior da baía) e em duas profundidades (superficie e fundo), no período de outubro de 1990 a outubro de 1991, com o objetivo de verificar os padrões de variabilidade temporal e a distribuição horizontal e vertical das larvas de ostras próximas à metamorfose. Foram feitos arrastos horizontais de 1 minuto de duração, com rede planctônica de 180 pm de malha. O material coletado foi preservado em formaldeído a 4%, neutralizado. As larvas foram posteriormente contadas, por amostragem total, sob microscópio estereoscópico. Os dados das contagens, previamente transformados em log(x+1), foram submetidos à análise de variância (ANOVA). As principais tendências de variabilidade do número de larvas com relação aos parâmetros hidrológicos (temperatura, salinidade, transparência da água e pH) foram postas em evidência pela análise em componentes principais (PCA). Constatou-se que o padrão de reprodução das ostras é o tipicamente encontrado em regiões tropicais (contínuo e com picos ao longo do ano). Acentuadas diferenças no número de larvas ocorreram entre o período quente e o de temperaturas mais baixas, no qual menores freqüências foram observadas. Maiores quantidades de larvas foram associadas, pela análise em componentes principais, à águas mais quentes, mais alcalinas e menos salinas. Os maiores picos de larvas foram observados nos meses de novembro e de abril. Diferenças significativas (ANOVA p<0,03) foram verificadas entre o numero de larvas na superfície e no fundo nos dois locais. Foi observada uma tendência à maior concentração de larvas junto ao fundo, principalmente na entrada da baía. É discutida a influência de fatores como estágio da maré, luz, feromônios e a velocidade de natação das larvas sobre a distribuição larval, bem como a discrepância entre o número de larvas das duas repetições. A homogeneidade no número de larvas entre os dois locais leva à suposição de que as larvas estão dispersas na baía, favorecendo o fluxo genético no ambiente. Ao mesmo tempo,as quantidades um pouco maiores de larvas no interior da baía, fazem supor que mecanismos de retenção larval estão ocorrendo no estuário, contribuindo para a manutenção das populações na região. Abstract: The present work analyzes horizontal and vertical distribution patterns together with temporal variation of oysters* larvae of the genus Crassostrea (Sacco, 1897) in Paranaguá Bay, Paraná. A conical net, 180 µm mesh size, was horizontally towed, fortnightly, during 1 minute, at two sites (inlet and inner section) and at two depths (surface and bottom), from October 1990 to October 1991. The samples were fixed and preserved in 4 % buffered formaldehyde. Full grown Crassostrea larvae (near metamorphosis) were counted in the whole sample under stereoscopic microscope. ANOVA of transformed (log x+1) oyster larva data was applied. Variability trends in larval abundance in relation to hydrological parameters (temperature, salinity, water transparency and pH) were analyzed through principal component analysis (PCA). Oyster reproduction was typical of tropical areas (continuous throughout the year with peak occurrence). Significant differences in larval abundance were registered during warm and cold periods, the latter showing the lowest values. PCA results indicated highest abundance values associated with warmer, more alkaline and less saline waters. Abundance peak was registered in November and April. Surface and bottom larval abundance were significantly different (ANOVA p<0,03), the highest value being registered near the bottom, especially at the bay entrance. The influence of tidal pattern, light, pheromone and swimming behavior on larval dispersal is discussed. Significant differences in replicate samples are also analyzed. The lack of significant differences in larval abundance between the two sampled sites indicate that larval dispersion occurs at the bay, favouring gene flow in the environment. Higher abundance at the inner section suggest that larval retention is also occurring in the estuary.
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