Padrões macroecológicos e biogeográficos de Kynorhyncha na Península Ibérica

Abstract

Resumo: Compreender as causas dos padrões de distribuição das espécies é uma questão fundamental na macroecologia e biogeografia, na busca em descrever e explicar a diversidade e distribuição das espécies em grandes escalas. Grande parte dos padrões macroecológicos e biogeográficos dos animais marinhos são descritos para associações de peixes e outros organismos bênticos maiores que 1mm. Para organismos de pequeno porte pertencentes a meiofauna, dimensões entre 0,045mm a 0,5mm e hábitos intersticiais, esses padrões ainda são pouco conhecidos e explorados. No presente estudo utilizamos dados de ocorrência de espécies do filo Kinorhyncha, grupo meiofaunal com baixo potencial de dispersão, coletados na Península Ibérica, em diversas campanhas de coleta no período de 1990 a 2015, para compreender os padrões biogeográficos e macroecológicos nas províncias biogeográficas Lusitana e Mar Mediterrâneo. Para isso, foram utilizados modelos lineares generalizados (GLMs) e modelos aditivos generalizados (GAMs), a fim de testar se a riqueza de espécies está relacionada com a província, ecorregião, sedimento, profundidade, latitude e longitude. A composição das espécies foi correlacionada à localização geográfica e às variáveis ambientais selecionadas por meio de análises multivariadas permutacionais de variância (PERMANOVA) e escalonamento não paramétrico multidimencional (nMDS). Assumimos que as variáveis profundidade e localização geográfica de menor escala atuam como forças motrizes condicionantes na estruturação de Kinorhyncha. O Mar Mediterrâneo apresentou maior riqueza de espécies exclusivas e a ocorrência de um número expressivo de espécies foi registrado em ambas as províncias. A coexistência de espécies Atlânticas e Mediterrâneas demonstram uma forte afinidade biogeográfica para Kinorhyncha entre as duas províncias, embora as associações de espécies não sejam fortemente evidenciadas nessa escala, neste sentido, sugere-se uma subdivisão das ecorregiões em menores escalas espaciais, para representar a distribuição de espécies da fauna Kinorhyncha e provavelmente de outros organismos meiofaunais. Embora esse seja o caso para o filo, esperamos que esses padrões sejam repetidos para outros organismos meiofaunais de baixa mobilidade e capacidade de dispersão.

Abstract: Understanding the causes of distribution patterns of life is a fundamental issue in macroecology and biogeography, in the quest to describe and explain the diversity and distribution of species at large scales. Most of the macroecological and biogeographic patterns of marine animals are described for associations of fish and other benthic organisms larger than 1 mm. For small organisms belonging to meiofauna (size range: 0.045mm-0.5mm and interstitial habits), these patterns are still little explored. In the present study, we used data on the occurrence of species from the Kinorhyncha phylum, a meiofaunal group with low dispersal potential, collected in the Iberian Peninsula, in several collection campaigns from 1990 to 2015, to understand the biogeographic and macroecological patterns in the Lusitanian and Mediterranean Sea biogeographic provinces. Generalized linear models (GLMs) and generalized additive models (GAMs) were used to test whether species richness is related to province, ecoregion, sediment, depth, latitude, and longitude. Species composition was correlated to geographic location and selected environmental variables through permutational multivariate analysis of variance (PERMANOVA) and non-metric multidimensional scaling (nMDS). We assume that the variables depth and smaller geographic location act as driving forces in the structuring of Kinorhyncha. The Mediterranean Sea showed greater richness of exclusive species and species and the occurrence of an expressive number of species was registered in both provinces. The coexistence of Atlantic and Mediterranean species demonstrates a strong biogeographic affinity for Kinorhyncha between the two provinces, although species associations are not strongly evidenced at this scale, in this sense, a subdivision of ecoregions into smaller spatial scales is suggested to represent the distribution from species of the Kinorhyncha fauna and probably from other meiofaunal organisms. Although this is the case for the phylum, we expect these patterns to be repeated for other meiofaunal organisms of low mobility and dispersal capacity.