Estudo da transferência lipídica de linfócitos para o músculo esquelético exercitado
Resumo
As principais fontes de ácidos graxos (AG) para a musculatura esquelética
(ME) são os AG provenientes do tecido adiposo, dos triacilgliceróis (TAG) presentes
nos quilomícrons (QM) e lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) e dos TAG
presentes no próprio tecido muscular (TAG-IM triacilglicerol intramuscular).
Recentemente, nosso grupo postulou os linfócitos (Ly) como fonte adicional de AG
para o tecido muscular esquelético. O significado fisiológico deste fenômeno ainda
não é conhecido com relação à atividade física, porém, tem-se aventado a possível
função destes AG provenientes dos linfócitos como fornecedores de energia,
moduladores da resposta à insulina e também da transdução de sinais biológicos.
Uma vez que o exercício físico leva a adaptações orgânicas que otimizam a
capacidade de captação e oxidação de substratos pelo ME, investigamos o
fenômeno de transferência lipídica entre Ly e ME de animais controle (C), de animais
submetidos a treinamento físico de natação, 4 vezes por semana, durante uma hora,
com sobrecarga de até 6% do peso corporal (TR) e de animais submetidos a
treinamento físico e a sessão aguda de exercício com as mesmas características
(TA). O cultivo de Ly na presença dos AG radiomarcados [14C].Ácido Palmítico (AP),
Ácido Oléico (AO), Ácido Linoléico (AL) e Ácido Araquidônico (AA) revelou perfil de
incorporação dependente do tamanho da cadeia carbônica da molécula, número de
insaturações e da atividade física. No grupo C a incorporação destes lípides deu-se
na seguinte amplitude: AA>AL>AO=AP, no grupo TR, AA>AP, e no grupo TA,
AA>AL>AO>AP. A transferência de AG dos Ly para o ME no co-cultivo foi, no grupo
C, da seguinte ordem: AP=AO>AA>AL, no TR, AP>AA e no TA, AP>AO>AL>AA. No
ME estes AG se incorporaram pricipalmente na fração de fosfolipídios em todos os
grupos experimentais. Para os AG AA e AL o treinamento físico seguido de sessão
aguda de exercício amplificou este fenômeno. Além de incorporadas, as moléculas
de AG transferidas ao ME pelos LY podem ganhar as vias oxidativas levando a
formação de [14CO2]. No grupo TA, a oxidação do AP pelo ME incubado foi 5 vezes
maior que aquela do grupo C, e 3 vezes superior a do TR. No grupo TR, este
fenômeno foi 2 vezes maior que àquele do grupo C. Visto que os ME incorporam
ativamente as moléculas de AG provenientes dos Ly, passamos a investigar qual
seria o possível papel destes AG sobre a modulação do metabolismo de glicose no
ME. A síntese de lactado estimulada por insulina em ME incubado de animais
controle (C), foi significativamente reduzida, para valores basais, na presença do
ácido palmítico (AP) nas concentrações de 50 e 100µM. Este fenômeno teve
comportamento similar para o ME dos animais TA e TR, porém com amplitude
significativamente menor. A presença do ácido palmítico não afetou a produção de
glicogênio pelo ME, com exceção de uma amplificação desta quando da
concentração de 50µM no grupo C, evidenciando que a captação de glicose não se
tornou comprometida.
Concluímos que os Ly são uma fonte adicional de AG para o ME, e que o
treinamento físico seguido de exercício agudo leva a adaptações metabólicas que
favorecem a amplificação deste fenômeno. Os AG transferidos dos Ly para o ME
podem ter função energética (capacidade oxidativa 5 vezes maior no grupo TA e 2
vezes maior no grupo TR), e/ou modulatória do metabolismo de glicose (redução na
síntese de lactato em todos os grupos experimentais). Triacylglycerols (TAG) from the adipose tissue are the main source of fatty
acids (FA) to the skeletal muscle (SM). TAG from chylomicrons, very low density
lipoprotein (VLDL) and TAG within skeletal muscle are too important source of FA to
this cell. We have shown that FA can be transfered from lymphocytes (Ly) to SM, and
we postulate that this might change signal transduction, insulin response and/or
represent extra fuel to SM.
Seen that physical exercise could improve muscle capacity to mobilize and
oxidaze FA, the goal of this study was to investigate the profile of lipid transfered from
leukocytes to SM from control rats (C), physically trained during 6 weeks, with
overload of 6% of body weight, four days per week, during 1 hour per day (TR) and
physically trained during 6 weeks and acutelly exercised with the same tipe of
exercise (TA). Lymphocytes were cultivated in the presence of radiolabeled FA [14C].
Palmitic Acid (PA), Oleic Acid (OA), Linoleic Acid (LA) e Arachidonic Acid (AA). In the
control group, the incorporation of this FA by the Ly ocurred in the largeness of
AA>LA>OA=PA, in the TR group, AA>PA, and in the TA group, AA>LA>OA>PA. This
FA would incorporated in diferent fractions of the SM, been phospholipids the main
fraction in all experimental groups. Other possible fate to the FA incorporated by the
SM is the oxidative way, producing [14CO2]. In the TA group, the oxidation of the PA
were 5 times higher than that of C group, and 3 times higher than that of TR group. In
the TR group, this oxidative capacity was 2 times higher than the C group. Some
possible interactions of this FA with the SM metabolism were investigated. The
lactate syntesis stimulated by insulin in incubated SM was dramatically reduced in the
presençe of PA (50 or 100µM). This phenomenon was similar to the TR and TA
group, however significantly of small amplitude. The presençe of the PA didin't affect
the glycogen syntesis in incubated SM, what shown that glucose uptake wasn't
compromised.
We conclude that Ly are and additional source of FA to the SM, and that
physical training followed by acute exercise can promove metabolic adaptations that
could amplify this phenomenon. The FA transfered from Ly to the SM can have
energetic function (oxidative capacity 5 times higher in TA group, and 2 times higher
in TR group), and/or a function in modulate glucose metabolism (reductions of lactate
syntesis in all experimental groups).
Collections
- Teses & Dissertações [10345]