Efeitos do distanciamento social imposto pela pandemia Covid-19 na função musculoesquelética da coluna vertebral de idosas da comunidade com osteoporose
Resumo
Resumo: Introdução: O distanciamento social foi uma das medidas adotadas para controlar a pandemia COVID-19, sendo incentivado maior tempo de permanência em domicílio, reduzindo significativamente o nível de atividade física que pode ter contribuído para piora na função musculoesquelética de idosos. Objetivos: Verificar o efeito do distanciamento social devido a pandemia COVID-19 na função musculoesquelética da coluna, desempenho físico-funcional, histórico e risco de quedas em idosas da comunidade com osteoporose (OP). Métodos: Participaram do estudo mulheres com idade acima de 65 anos com diagnóstico prévio de OP em coluna e/ou fêmur, por meio de Absormetria de Raio x de dupla energia (DXA). As participantes foram avaliadas antes e após 6,6 ± 0,4 meses do início da pandemia COVID-19. Neste estudo foram considerados desfechos primários: pico de força isométrica de flexores e extensores da coluna por meio da dinamometria manual; medida da cifose torácica e lordose lombar com a flexicurva; postura anteriorizada da cabela pelo tragus-parede; mobilidade da coluna lombar através do teste de Schober modificado; força de resistência dinâmica de abdominais; força de resistência dos extensores da coluna e MMSS pelo teste "Timed Loaded Standing"; grau de incapacidade funcional da coluna lombar pelo questionário Oswestry. Como desfechos secundários: extensibilidade dos isquiotibiais e mobilidade da cadeia posterior pelo teste de sentar e alcançar; flexibilidade de isquiotibiais pelo teste do ângulo poplíteo; amplitude de movimento (ADM) de coluna e membros inferiores (MMII); histórico de quedas em 6 meses; histórico de fratura na coluna; equilíbrio postural e risco de quedas pelo Physiological Profile Approach (PPA); mobilidade funcional e risco de quedas pelo teste Timed Up and Go (TUG); força e potência de membros inferiores (MMII) pelo teste de sentar e levantar 5 vezes (TSL5x); velocidade da marcha habitual e rápida em 4m (VM4m) e reserva de velocidade da marcha (RVM); força de preensão manual (FPM) com o dinamômetro de preensão manual e medo de cair pelo questionário FES-I. Os resultados estão descritos como média ± desvio padrão; frequência absoluta (número) e relativa (%) e delta (delta, valores pós-pré). Para a análise dos dados, inicialmente foi verificada a distribuição da amostra quanto a normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk e a homogeneidade pelo teste de Levene. Para as variáveis contínuas paramétricas, as comparações intra grupo (pré e pós pandemia) foram realizadas por meio do teste T pareado e para as não paramétricas foi realizado o teste de Wilcoxon. Foram considerados resultados estatisticamente significativos (p menor ou igual a 0,05) e clinicamente relevantes quando a diferença pré e pós foi superior ao Minimal Detectable Change (MDC) que corresponde a 3 vezes o valor do Stardard Error of Measurement (SEM). Resultados: Participaram 14 idosas (72,8 ± 6,7 anos), com índice de massa corporal (IMC) 29,2 ± 5,6 kg/m², considerado pré-obesidade. Os resultados das avaliações após 6,6 ± 0,4 meses do período de pandemia, indicaram redução de 18,7% no pico de força isométrico de flexores da coluna (9,6±1,5 vs 7,8±1,4, p=0,00) e de 27,5% de extensores da coluna (14,9±2,7 vs 10,8±2,4, p=0,00). Também foi encontrada redução na força média (delta =-15-7%, p=0,03; delta=-22,7%, p=0,00) e torque (delta=-20,0%, p=0,01; delta- 27,3%, p=0,00) de músculos flexores e extensores da coluna. Além disso, o grau de lordose da coluna apresentou redução (delta =-22,3%; p=0,04), porém não foi considerada clinicamente relevante (MDC= 14,1°). Houve aumento da mobilidade lombar pelo teste de Schober (delta =19,3%; p=0,03); postura anteriorizada da cabeça (delta =7,9%; p=0,04) e foram clinicamente relevantes. Com relação aos desfechos secundários, foi encontrada melhora estatística e clínica da ADM de rotação esquerda da coluna (delta =16,4%; p=0,01) e flexão de joelho (delta =6,0%; p=0,04); da força e potência de membros inferiores (delta =- 23,8%; p=0,00), porém foi encontrada redução da velocidade rápida da marcha (1,3±0,3 vs 1,1±0,3; delta =-15,4%; p=0,00) e RVM (0,3±0,1 vs 0,2±0,1 delta =-33,3%; p=0,01), porém a velocidade rápida da marcha manteve-se adequada e o risco de quedas pela RVM manteve-se limítrofe. Não houve diferença estatística ou clínica na extensibilidade de isquiotibiais e mobilidade de cadeia posterior (delta =-1,7%; p=0,54), flexibilidade de isquiotibiais (delta =-9,2%; p=0,40), na mobilidade funcional (delta =-1,0%; p=0,55), força de preensão manual (delta =-3,3%; p=0,38) e no histórico e medo de cair (delta =-80,0%; p=0,06). A análise do risco de quedas pelo PPA também não apresentou diferenças estatísticas ou clínicas consideradas significativas na maioria dos testes e no fator de risco de quedas (- 1,5%; p=0,87), com exceção da sensibilidade ao contraste da borda que reduziu significativamente (delta =-5,5%; p=0,05). Conclusão: Após 6,6 ± 0,4 meses de distanciamento social imposto pela pandemia COVID-19 houve piora na função musculoesquelética da coluna e no desempenho físico-funcional de idosas com OP. Assim, sugere-se avaliações periódicas por equipe multiprofissional e intervenções multimodais, incluindo revisão de dieta, medicação, avaliações da densidade mineral óssea e dos fatores clínico-funcionais, de maneira a minimizar os efeitos musculoesqueléticos negativos detectados após período de isolamento imposto pandemia COVID-19. Abstract: Social distancing was one of the measures adopted to control the COVID-19 pandemic, encouraging a longer stay at home and reducing the level of physical activity that may have contributed to worsening musculoskeletal function in the elderly. The objective of this study was to verify the effects of social distancing in trunk muscle function, physical function performance, balance and fall risk in community-dwelling elderly women with osteoporosis. This research included 14 women with osteoporosis over age 65. They were evaluated before and after 6,6 ± 0,4 months from the beginning of COVID-19. The variables considered as primary outcome were isometric strength of trunk muscle flexors and extensors evaluated with a handheld dynamometer; kyphosis and lordosis angle by flexible ruler; lumbar mobility by Schober test; forward flexion of the head by tragus-wall; trunk flexors resistance by partial curl-up test; trunk extensors and up extremities resistance by Timed Loaded Standing Test. As secondary outcome the variables: flexibility and extensibility of hamstrings and mobility of posterior muscles by sit and reach test; flexibility of hamstrings by; trunk range of motion (ROM) with a goniometer; functional mobility and fall risk by Timed Up and Go Test (TUG); low extremities strength with sit to stand 5x test (ST5x); handgrip strength (HGS) with handheld dynamometer; the normal and fast gait speed was evaluated by 4 meters gait speed, also calculating the gait speed reservation; 1 year falls history and evaluated the balance and fall risk by Physiological Profile Approach (PPA) were considered. The results are expressed with average ± standard deviation; absolute (number) and relative (%) frequency and e delta (delta, post-pre values). For statistical analysis, the normality of sample distribution was verified by Shapiro-Wilk test and homogeneity by Levene test. For the continuous and parametric variables, the difference intra group was verified by paired T test and non-parametric by Wilcoxon test. Significantly statistical results were considered when p is less than or equal to 0,05). Fifteen women was included with main age 72,8 ± 6,7 years (BMI: 29,2 ± 5,6 kg/m² - overweight). The isometric trunk strength reduced after social distancing, with a reduction of 18,7% of flexors peak of force (9,6±1,5 vs 7,8±1,4, p=0,00), 27,5% of extensors peak of force (14,9±2,7 vs 10,8±2,4, p=0,00); also, the flexors isometric torque reduced 20,2% (0,01) and extensors isometric torque 27,3% (0,00). The kyphosis angle did not change after social distancing (p= 0,94), but the lordosis angle reduced in 22,3% (p=0,04) but was not clinically significantly. Also, it was found an increase of 19,3 % in lumbar mobility; 7,9% in forward flexion of head (p=0,04) and a reduction in abdominal muscles resistance (42,2%; p=0,03). There was no difference in post social distancing in ROM, except by left rotation of the trunk (delta=16,4%; p=0,01) and knee flexion (delta=6,0%; p=0,04). In relation to physical function, the lower extremity strength improved 23,8% (p=0,00), but the fast gait speed and gait speed reservation reduced in 12,5% (p=0,00) and 33,3% (0,01), respectively. The HDS (p=0,38), habitual gait speed (p=0,29) and functional mobility (p=0,55) did not differ in the moment post social distancing. Similarly, there was no difference in number of falls (p=0,74) and fall risk (0,87), but, instead of it, a reduction of 5,5% in contrast sensibility of the board was found (p=0,05). After 6,6 ± 0,4 months of social distancing because of COVID-19 pandemic there was a worsening in the musculoskeletal function of the spine and in the physical-functional performance of elderly women with OP. Thus, periodic assessments by a multidisciplinary team and multimodal interventions are suggested, including review of diet, medication, assessments of bone mineral density and clinical and functional factors, to minimize the negative musculoskeletal effects detected after the isolation period imposed by the COVID pandemic.
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