A filosofia da real : produzindo masculinidades e identidades no mundo digital
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Data
2021Autor
Ferreira, Ana Carolina de Andrade, 1995-
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Resumo: A finalidade do presente estudo é de compreender como a Filosofia Realista, contidas nos livros de Nessahan Alita, forja masculinidades e como isso se vincula com seus discursos sobre as relações com mulheres, seus relacionamentos afetivo-sexuais e como toma forma entre os próprios homens participantes do fórum Legado Realista. A pesquisa foi realizada através da análise do conteúdo dos livros escritos por Nessahan Alita e do conteúdo postado no Fórum Legado Realista, campo de investigação essa dissertação. A hipótese de que possa haver na Filosofia Realista, a incitação a uma performance de recusa do amor confluente, a qual parece gerar também uma releitura de modelos tradicionais de relacionamentos, baseados em construções de masculinidade que partem da romantização de um passado em que homens e mulheres conformavam-se a papéis distintos. Supõe-se também que esta masculinidade conforme proposta dentro da Filosofia Realista não esteja permeável a processos de decolonialidade do pensamento e das práticas em relação às mulheres. Analisou-se os conteúdos dos livros e das postagens para perceber como por meio destas narrativas aparecem performances de masculinidades, como se propõe a construção destes sujeitos e quais acionamentos de masculinidade e de feminilidade estão presentes na reiteração destes homens. O fórum e a Filosofia Realista possibilitam a existência um estilo de vida escolhido por esses usuários que culmina na produção de uma masculinidade de tipo hegemônica, com pouco espaço para a produção de novas possibilidades de masculinidades. Defendem que seus posicionamentos em relação às mulheres, em especial no que tange às relações amorosas, devem partir sempre desse lugar hegemônico, com o poder de decisão e dominação sobre a relação. As possibilidades de relação promovem uma releitura de um imaginário idealizado dos anos 50, impedindo que haja uma abertura para a democratização das relações que Giddens (2002) concebe como uma tendência das relações afetivo-sexuais na modernidade, aproximando-se mais do amor romântico. As representações sobre os feminino, as metáforas que utilizam são mais uma vez repletas de dualidades e de desconfiança, o que automaticamente as coloca em posição hierarquicamente desprivilegiada. As representações que fazem a respeito do feminino é necessária para a própria existência do grupo, que se funde no ideal de que as mulheres são seres naturalmente vis e por isso, devem tornar-se um homem ideal, que não só forja a própria masculinidade, mas a utiliza como um instrumento para conseguir se relacionar com as mulheres. A heterosexualidade é vista como a única opção possível para a adequação aos seus ideais de masculinidade e virilidade. A forma como abordam a masculinidade é, assim, normativa e essencializante e não se revelam como modelos transitáveis às contribuições dos questionamentos decoloniais, que dispensa as categorias fixas e homogêneas. Abstract: The purpose of this study is to understand how the Realist Philosophy, contained in Nessahan Alita's books, forges masculinities and how this is linked to his discourses on relationships with women, their affective-sexual relationships and how it takes shape among the participating men themselves, from the Legado Realista forum. The research was carried out through the analysis of the content of the books written by Nessahan Alita and the content posted in the Forum Legado Realista, this dissertation's field of investigation. The hypothesis that there may be, in Realist Philosophy, the incitement to a performance of refusal of confluent love, which also seems to generate a reinterpretation of traditional models of relationships, based on constructions of masculinity that start from the romanticization of a past in which men and women conformed to distinct roles. It is also supposed that this masculinity as proposed within the Realist Philosophy is not permeable to processes of decoloniality of thought and practices in relation to women. The contents of the books and posts were analyzed to understand how through these narratives performances of masculinities appear, how the construction of these subjects is proposed and which masculinity and femininity triggers are present in the reiteration of these men. The forum and the Realist Philosophy enable the existence of a lifestyle chosen by these users that culminates in the production of a hegemonic type of masculinity, with little space for the production of new possibilities of masculinity. They argue that their positions in relation to women, especially with regard to love relationships, must always start from this hegemonic place, with the power to decide and dominate the relationship. The possibilities of relationships promote a re-reading of an idealized imaginary of the 50s, preventing there being an opening for the democratization of relationships that Giddens (2002) conceives as a trend in affective-sexual relationships in modernity, coming closer to romantic love. The representations about the feminine, the metaphors they use, are once again full of dualities and distrust, which automatically place them in a hierarchically underprivileged position. The representations they make about the feminine are necessary for the very existence of the group, which is based on the ideal that women are naturally vile beings and therefore, they must become an ideal man, who not only forges his own masculinity, but he uses it as an instrument to be able to relate to women. Heterosexuality is seen as the only possible option for adapting to their ideas of masculinity and virility. The way they approach masculinity is, thus, normative and essential and does not reveal themselves as transitable models for the contributions of decolonial questions, which dispenses with fixed and homogeneous categories.
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