"Você mesmo está se matando a si próprio" : a contra-antropologia dos Xetá
Abstract
Resumo: A partir de experiência etnográfica realizada junto aos indígenas Xetá (tupi-guarani) que vivem na Terra Indígena São Jerônimo da Serra (São Jerônimo da Serra - PR, bacia do Rio Tibagi), esta dissertação busca apresentar como os brancos, em cuja língua nativa denomina-se txikãndj ou kikãtxu, aparecem ao povo Xetá como figura relevante de uma contra-antropologia. O trabalho desenvolve-se de modo a demonstrar que noções e práticas observadas no campo da alimentação, ao que se destaca a comida, são mobilizadas como formas a partir das quais os Xetás pensam e se relacionam com os seus Outros. Por meio de uma abordagem crítica, tal contra-antropologia associa os modos de vida característicos dos brancos, ou povo da cidade (como costumam dizer), a paisagens e histórias de erros, devastação, catástrofe e letalidade. Dentre estas condutas de destruição, são especialmente significativas a manipulação de veneno, de ração e gás nas práticas de produção alimentar. Tais práticas, que objetivam acelerar o tempo de formação ou cocção dos alimentos, tem como consequência a diminuição do tempo de vida daqueles que dessa comida se alimentam. O discurso crítico Xetá avança ainda sobre os efeitos nocivos do plantio em larga escala de eucalipto, qual seja, a escassez de água. Passando ao plano das especulações acerca do futuro, esta conduta destrutiva assume aspectos de autodestruição, evocando assim uma possibilidade de extinção dos brancos causada por eles próprios. Abstract: Based on an ethnographic experience carried out with the Xetá indigenous people (Tupi-Guarani) who live in the Terra Indígena São Jerônimo da Serra (São Jerônimo da Serra - PR, Tibagi River basin), this dissertation seeks to present how white people, in whose native language it is called whether txikãndj or kikãtxu, they appear to the Xetá people as a relevant figure in counteranthropology. The work is developed in a way that demonstrates that, notions and practices observed in the feeding field, with emphasis on food, are mobilized as ways in which the Xetás think and relate to their Others. From a critical approach, such counter-anthropology associates the characteristic ways of life of white people, or townspeople (as they say), with landscapes and stories of errors, devastation, catastrophe and lethality. Among these destructive behaviors, the handling of poison, feed and gas in food production practices is particularly significant. Such practices, which aim to speed up the time of formation or cooking food, have the consequence of reducing the life span of those who eat this food. The Xetá critical discourse also advances on the harmful effects of large-scale planting of eucalyptus, namely, water scarcity. Moving on to speculation about the future, this destructive conduct takes on aspects of self-destruction, thus evoking a possibility of extinction of white people caused by themselves.
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