Estudo das atividades tipo-ansiolítica, antidepressiva e neuroprotetora dos produtos de extração de Passiflora actinia Hooker

Abstract

Resumo: Passiflora actinia Hooker ("maracujá-do-mato) é uma espécie vegetal nativa da Região Sul do Brasil, cujos extratos e frações já demonstraram atividades tipo-ansiolítica e sedativa em estudos anteriores. Esse trabalho teve por objetivo produzir e caracterizar química e farmacologicamente, produtos de extração de Passiflora actinia Hook., bem como verificar seus potenciais efeitos neuroproterores. Inicialmente foi desenvolvido e validado um método analítico por CLAE para quantificar isovitexina em extrato fluído e tintura de P. actinia. O método desenvolvido foi validado de acordo com os requerimentos do ICH e ANVISA. A seletividade do método foi demonstrada pelo paralelismo entre as curvas do padrão e do padrão adicionado da amostra e comparação do perfil espectral. A linearidade da curva do padrão apresentou um coeficiente de correlação (r) de 0,9999. Os limites de detecção e de quantificação foram 0,105 e 0,3198 ?g./ml respectivamente. Na análise da tintura (T) e do extrato fluído (HE) os desvios padrões relativos para repetibilidade foram de 1,428% (T) e 1,283%(HE) e para precisão intermediária de 2,875% (T) e 0,79% (HE). A recuperação foi superior a 95,92% (T) e 99,51% (HE) e o coeficiente de correlação para linearidade foi de 0,999 para ambos. Os resultados obtidos demonstraram que o método permite a quantificação confiável de isovitexina em extrato fluído e tintura de P. actinia. No que se refere a avaliação da influência do grau alcoólico do solvente de extração, sobre os parâmentros químicos e farmacológicos de extratos de P. actinia, foi observado que extratos obtidos com concentrações de etanol entre 25 a 77% (v/v) não apresentam variações qualitativas para o perfil de flavonoides C-glicosilados. Entretanto a variação desse mesmo parâmetro é capaz de afetar diretamente a quantidade de flavonoides totais e isovitexina extraídos durante o processo. Somente os extratos obtidos com etanol a 45% e 77% (v/v), nas respectivas doses de 600 e 100 mg/kg apresentaram efeito tipo ansiolítico no LZE, porem não foi possível relacionar o efeito com as concentrações de flavonoides presentes nesses tratamentos. Com relação a atividade neuroprotetora in vitro e ex vivo dos produtos de extração obtidos de Passiflora actinia e seu principal constituínte, isovitexina, verificou-se que o tratamento subcrônico de camundongos com o extrato foi capaz de proteger as fatias de hipocampo, proveniente desses animais, frente à excitotoxicidade. Quando aplicado diretamente sobre as fatias de hipocampo (de animais não tratados), tanto os produtos de extração quanto o flavonoide isovitexina, foram capazes de induzir um efeito neuroprotetor. Nos ensaios biológicos in vivo foi avaliado a melhora cognitiva e os efeitos neuroprotetores da fração de acetato de etila de P. actinia (EAF) rica em isovitexina sobre aprendizado e comprometimento da memória induzida em camundongos submetidos à oclusão bilateral da artéria carótida comum (BCCAO). Estudos in vivo evidenciaram que a administração oral de EAF foi capaz de prevenir significativamente o déficit cognitivo induzido pelo BCCAO, no entanto, não inibiu a perda de células piramidais do hipocampo, medida pela coloração de Nissl. Esse estudo forneceu evidências de que o EAF rico em isovitexina reduz a perda cognitiva, pelo menos em parte, pode estar relacionado com a capacidade de seus componentes atuarem como moduladores do sistema glutamatérgico. Palavras chave: Passiflora, neuroproteção, células piramidais.

Abstract: Passiflora actinia Hooker ("maracujá-do-mato") is a native species to the Southern of Brazil, whose extracts and fractions have already demonstrated anxiolytic-sedative activities in previous studies. This work aimed to produce and characterize chemically and pharmacologically, extracting products from Passiflora actinia Hook., as well as to verify its potential neuroprotective effects. Initially, an analytical method was developed and validated by HPLC to quantify isovitexin in fluid extract and tincture of P. actinia. The developed method was validated according to the requirements of ICH and ANVISA. The selectivity of the method was demonstrated by the parallelism between the curves of the standard and the added standard of the sample and comparison of the spectral profile. The linearity of the standard curve presented a correlation coefficient (r) of 0.9999. The limits of detection and quantification were 0.105 and 0.3198 ?g/ml respectively. In the analysis of tincture (T) and fluid extract (HE), the relative standard deviations for repeatability were 1.428% (T) and 1.283% (HE) and for intermediate precision of 2.875% (T) and 0.79% (HE ). Recovery was higher than 95.92% (T) and 99.51% (HE) and the correlation coefficient for linearity was 0.999 for both. The results demonstrated that the method allows the reliable quantification of isovitexin in fluid extract and tincture of P. actinia. Regarding the evaluation of the influence of the alcoholic strength of the extraction solvent on the chemical and pharmacological parameters of P. actinia extracts, it was observed that extracts obtained with concentrations of ethanol between 25 and 77% (v/v) did not present qualitative variations for the C-glycosylated flavonoid profile. However, the variation of this same parameter is able to directly affect the amount of total flavonoids and isovitexin extracted during the process. Only the extracts obtained with ethanol at 45% and 77% (v/v) at the respective 600 and 100 mg / kg doses presented an anxiolytic effect in the EZL, but it was not possible to relate the effect to the concentrations of flavonoids present in these treatments. In relation to the in vitro and ex vivo neuroprotective activity of the extractive products obtained from Passiflora actinia and its main constituent, isovitexin, it was verified that the subchronic treatment of mice with the extract was able to protect the hippocampal slices from these animals, against excitotoxicity. When applied directly to the hippocampal slices (from untreated animals), both the extractive products and the flavonoid isovitexin, were able to induce a neuroprotective effect. In the in vivo biological assays the cognitive improvement and the neuroprotective effects of isovitexin-rich P. actinia ethyl acetate (EAF) fraction on learning and memory impairment induced in mice submitted to bilateral carotid artery occlusion (BCCAO). In vivo studies have shown that oral administration of EAF was able to significantly prevent BCCAO-induced cognitive deficit, however, did not inhibit the loss of hippocampal pyramidal cells as measured by Nissl staining. This study provided evidence that isovitexin-rich EAF reduces cognitive loss, at least in part, may be related to the ability of its components to act as modulators of the glutamatergic system. Keywords: Passiflora, neuroprotection, pyramidal cells.