Ocupar e resistir : as ocupações das escolas públicas como parte do ciclo atual de mobilização juvenil no Brasil
Resumo
Resumo : O tema do presente estudo é o protagonismo político juvenil, tendo como objeto as ocupações das escolas públicas que aconteceram em 2016 no Brasil. Delimita-se, ainda, a análise a partir do trabalho de campo realizado no Colégio Estadual Pedro Macedo, em Curitiba. A metodologia de pesquisa adotada é qualitativa, através da observação participante, pois me inseri como apoiadora do movimento, enquanto militante de um movimento social de juventude. A análise das ocupações tem como fontes, assim, o trabalho de campo na ocupação do C. E. Pedro Macedo, um grupo de discussão com estudantes do colégio, bem como um questionário virtual aplicado a eles e entrevistas com estudantes de outros colégios ocupados em Curitiba e outras cidades do Brasil. Ao situar a juventude como um sujeito de direito e um ator político relevante no cenário brasileiro, damos ênfase ao processo da experiência de parte destes jovens, os estudantes secundaristas. Demonstramos como a estrutura escolar atual reproduz assimetrias e hierarquias que conformam trajetórias escolares que invisibilizam as identidades juvenis e engessam o protagonismo dos estudantes. As propostas governamentais da MP 746 e da PEC 241 (55) se somam a este panorama e são o estopim para o processo de mobilização secundarista que inova em sua tática: a massificação da ocupação das escolas públicas. Propusemos iserir as ocupações das escolas de 2016 no atual ciclo de mobilização juvenil brasileiro. Este ciclo é composto pelas Jornadas de Junho de 2013; os atos pró e contra o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff; o combate à violência policial no "Massacre" do dia 29 de abril de 2015; bem como pelas ocupações das escolas de São Paulo, de 2015. Os estudantes que ocuparam suas escolas em 2016 relatam que "foi a melhor experiência de suas vidas", na qual eles se reconheceram como atores políticos importantes. Eles descrevem como mudaram as regras da escola e transformaram-na em um ambiente acolhedor, onde os espaços de aprendizagem eram horizontais. Por fim, afirmam que a maior vitória do movimento, neste sentido, é a experiência que os fez amadurecer. Palavras-chave: Juventude. Estudantes secundaristas. Política. Abstract :The theme of the present study is the youth political protagonism and the object is the occupations of the public schools that happened in 2016 in Brazil. The analysis is also based on the field work carried out at the Pedro Macedo State College in Curitiba. The research methodology adopted is qualitative, through participant observation, which I inserted myself as a supporter of the movement, as a militant of a youth social movement. The analysis of the occupations has as sources, thus, the field work in the occupation of C. E. Pedro Macedo, a discussion group with students of the college, as well as a virtual questionnaire applied to them and interviews with students from other colleges in Curitiba and other cities in Brazil. By placing the youth as a subject of law and a relevant political actor in the Brazilian scenario, we emphasize the experience process on the part of these youngsters, the secondary students. We demonstrate how the current school structure reproduces asymmetries and hierarchies that conform school trajectories that make the youthful identities invisible and obscure the protagonism of the students. The governmental proposals of MP 746 and PEC 241 (55) are added to this scenario and are the trigger for the process of secondary mobilization that innovates in its tactics: the massification of the occupation of public schools. We propose to insert the occupations of the schools, on 2016, in the current cycle of Brazilian youth mobilization. This cycle is composed of the Journey of June of 2013; of the acts for and against the impeachment of President Dilma Rousseff; by the fight against police violence in the "Massacre" on April 29 in 2015; as well as the occupations of the schools of São Paulo, in 2015. Students who filled their schools in 2016 report that "it was the best experience of their lives," where they recognized themselves as important political actors. They also describe how the rules of the school changed and turned it into a welcoming environment where learning spaces were horizontal. Finally, claim that these obstacles have made them even more convinced of their potential for mobilization and that the movement's greatest victory in this regard is the experience that has made them mature. Keywords: Youth. High school students. Politics.
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