Viagens, antiquarismo e expansão imperial no século XIX : estudo das operações de Sarah e Giovanni Belzoni no Egito (1815-1821)
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Data
2017Autor
Eggers, Natascha de Andrade, 1991-
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Resumo: O século XIX europeu foi um período marcado pelo desenvolvimento das nações e por suas aspirações a histórias coletivas que legitimassem uma identidade nacional unificada. Dessa forma, impérios como a Inglaterra e a França investiram, ao longo de suas expedições pelo mundo, em estudos voltados para o conhecimento da Antiguidade, valendo-se da imagem dos antigos para se diferenciarem de outras sociedades em termos civilizacionais, instituindo-se como herdeiros das grandes civilizações do passado. O Egito Antigo é, então, redescoberto na Europa, tornando-se até mesmo moda no continente, pois antiguidades egípcias foram incessantemente apropriadas pela população europeia, desde homens comuns a ricos colecionadores. Tal fato intensificou a presença de viajantes antiquaristas no nordeste africano, que ficariam responsáveis pela espoliação da cultura material egípcia. Nesse contexto, inserem-se Sarah e Giovanni Belzoni, casal de europeus que viajou pelo Egito entre os anos de 1816 e 1819, e que foi responsável pela constituição de grandes coleções de artefatos egípcios que atualmente se encontram espalhadas em museus na Europa, incluindo o Museu Britânico. Além das exposições, os viajantes produziram um diário de viagem, no qual relatam suas impressões sobre a população local, tanto a moderna como a antiga. Partindo dessas informações, esta investigação teve como objetivo o estudo das narrativas desses viajantes, com o intuito de observar a relação entre passado e presente no contexto da expansão imperial britânica, bem como a criação e difusão de discursos sobre a sociedade egípcia antiga. A análise desse momento histórico nos estimula a compreender a literatura de viagem para além do simples relato ou da ficção, dentro de um contexto de construção de um pensamento imperialista difundido entre a população europeia no período. Palavras-chave: Usos do passado; Antiquarismo; Egito Antigo; Literatura de Viagem; Sarah Belzoni; Giovanni Belzoni. Abstract: The nineteenth century in Europe was a period marked by the development of the nations-states and their aspirations to collective histories that would legitimise a unified national identity. Therefore, during their expeditions empires such as England and France invested in studies aimed gathering knowledge of Antiquity, appropriating the images of ancient cultures to differentiate themselves from other societies in civilisational terms by establishing themselves as inheritors of the great civilisations of the past. Ancient Egypt is then rediscovered in Europe, even becoming fashionable in the continent as Europeans, from ordinary men to wealthy collectors, incessantly appropriated Egyptian antiquities. This fact intensified the presence of antiquarian travellers in North-East Africa, who would be responsible for Egypt's material culture spoliation. In this context, Sarah and Giovanni Belzoni, a couple who travelled throughout Egypt between 1816 and 1819, became responsible for the constitution of large collections of Egyptian artefacts, which are currently scattered around in museums in Europe, including the British Museum. In addition to the exhibitions, the travellers produced a travel journal, in which they reported their impressions of the local population, both modern and ancient. This Master's dissertation aims to study the narratives of those travellers, in order to observe the relationship between past and present in the context of British imperial expansion, as well as the creation and diffusion of discourses on the ancient Egyptian society. The analysis of this historical moment stimulates us to comprehend travel literature not only beyond simple reporting or fiction, but rather within a context of the construction of an imperialist thought diffused among the European population in this period. Keywords: Uses of the past; Antiquarianism; Ancient Egypt; Travel Literature; Sarah Belzoni; Giovanni Belzoni.
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