Sexto empírico : contra os gramáticos: introdução, tradução e notas
Resumo
Resumo: Esta tese contém a tradução anotada do tratado Contra os Gramáticos escrito por volta do século II d.C. pelo cético pirrônico e médico Sexto Empírico como parte de sua obra intitulada Contra os Professores.Também traduzimos a seção inicial dessa obra que introduz a discussão e traz uma argumentação geral contra a possibilidade do ensino. As traduções estão precedidas por um estudo no qual buscamos delinear o perfil filosófico de Sexto, expor e analisar as discussões central ou transversalmente abordadas no tratado aqui traduzido, e na obra de que ele faz parte, além de contextualizar tais discussões. Os tópicos essenciais desta contextualização dizem respeito às escolas filosóficas do período helenístico, principalmente o epicurismo e o estoicismo, em relação às quais Sexto determina sua própria adesão filosófica: o ceticismo pirrônico. Frente ao ambiente intelectual do período helenístico estão dispostas também questões essenciais para a compreensão da argumentação sextiana: em uma posição central está o conflito entre empirismo e racionalismo na medicina, pois, além de Sexto ter sido um médico empírico, este debate congrega grande parte das controvérsias epistemológicas da Antiguidade. Relacionado a esta polêmica está o ataque às tekhnai fundadas em um corpo sistemático de conhecimentos teóricos; 'artes' ou 'ciências' cujo papel como disciplinas semelhantes ou necessárias à prática filosófica foi o centro da polêmica a que se vincula o tratado aqui traduzido. Paralelo a estes debates, configura-se o papel da Gramática neste ambiente. Com o intuito de disponibilizar ao leitor um panorama do desenvolvimento desta área e suas especificidades na Antiguidade, relacionadas ao estudo amplo da literatura, traçamos um percurso histórico em que estão presentes os principais personagens e suas contribuições. O tratado de Sexto é uma fonte de informação importante acerca dos estudos gramaticais durante o século I a.C., no período que se estende entre a produção dos eruditos das escolas filológicas de Alexandria e Pérgamo e a especialização dos estudos formais da chamada gramática técnica. Procuramos, portanto, fornecer o contexto necessário para a integração das informações presentes no tratado em um cenário maior. Tal cenário é fundamental para a compreensão dos termos mobilizados por Sexto em sua polêmica contra os estudos gramaticais. Nas notas à tradução tecemos comentários sobre as peculiaridades de alguns conceitos de acordo com o contexto de produção da obra. Também apresentamos justificativas para nossas escolhas tradutórias e esclarecimentos pontuais sobre personagens, situações ou outros elementos do texto. Palavras-chave: Filosofia Helenística. Ceticismo. História da Gramática. Gramática Helenística. Tekhne. Sexto Empírico. Abstract: This thesis contains the annotated translation of the treatise Against the Grammarians written by the second century AD pyrrhonist skeptic and physician Sextus Empiricus as part of his work entitled Against the Professors.We have also translated the initial section of this work, which introduces the discussion and brings a general argument against the possibility of learning. The translations are preceded by a study in which we seek to outline the philosophical profile of Sextus, expose and analyze the central and transversal discussions addressed in the translated treatise herein and the work that it is part of, as well as contextualizing such discussions. The essential topics in such context refer to the philosophical schools of the Hellenistic period, mainly Epicureanism and Stoicism, for which Sextus determines its own philosophical bias: Pyrrhonian Scepticism. Amongst such intellectual environment of the Hellenistic period are key issues for understanding the sextan argument: in a central position we have the conflict between empiricism and rationalism in medicine, due to the fact that, in addition to Sextus being an empirical physician, this debate brings together great part of epistemological controversies of antiquity. Related to this controversy is the attack on tekhnai based on a systematic body of theoretical knowledge: 'expertise' or 'science', whose roles as similar or necessary disciplines for philosophical practice was the center of the controversy related to the treatise herein translated. The role of Grammar in this environment is parallel to these discussions. In order to provide the reader with an overview of the development of this area and its specificities in Antiquity, related to the extensive scholarship and literary studies, we draw a historical path in which are present the main characters and their contributions. Sextus' treatise is an important source of information on the grammatical studies during the first century BC, the period extending between the production of scholars of the philological schools of Alexandria and Pergamum and the specialization of formal studies of the so called technical grammar. Therefore, we sought to provide the context necessary for the integration of the information contained in the treatise to a bigger picture. Such a scenario is key to understanding the terms mobilized by Sextus in his controversy against grammatical studies. In the translation notes we weave comments on the peculiarities of some concepts in accordance to the context in which the work was produced. We also present justifications for our translational choices and specific comments on characters, situations or other text elements. Key words: Hellenistic Philosophy. Scepticism (Skepticism). History of Grammar. Hellenistic Grammar. Tekhne. Sextus Empiricus
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