Estudo comparativo do efeito do estresse térmico sobre a morfologia e o sistema de defesa antioxidante em eritrócitos dos peixes antárticos : Notothenia rossi (Richardson, 1844) e Notothenia coriceps (Richardson, 1844)
Resumo
Resumo: Peixes antárticos são espécies adaptadas ao frio, consideradas
estenotérmicas, sendo seu metabolismo eficiente em baixas temperaturas.
Estudos recentes sobre alterações climáticas relatam que a Península Antártica
apresenta aquecimento acelerado, é extremamente importante entender a
plasticidade metabólica e os mecanismos bioquímicos envolvidos na
aclimatação a altas temperaturas de peixes antárticos para a conservação
destas espécies e do ecossistema Antártico. O presente trabalho teve o
objetivo de analisar o efeito do estresse térmico sobre a morfologia e o sistema
de defesa antioxidante em eritrócitos de Notothenia rossii e Notothenia
coriiceps, expostos durante 1, 3 e 6 dias a 8+0.5°C e a 0+0.5°C. Variações
morfológicas nos eritrócitos e nos níveis de atividade de alguns constituintes
enzimáticos como a glutationa peroxidase (GPx); superóxido dismutase (SOD);
glutationa S-transferase (GST); catalase (CAT); glutationa redutase (GR) e
quantificação do constituinte não enzimático, glutationa reduzida (GSH) e
lipoperoxidação lipídica (LPO), por dosagem de malonaldeído (MDA) foram
analisados. Em N. coriiceps o aumento da temperatura a 8°C não modulou os
níveis de SOD e GPx. Mas modulou negativamente os níveis de CAT em 1
(87% menor em 8°C quando comparado a 0°C) e 3 dias (90% menor em 8°C
quando comparado a 0°C). A GST foi modulada positivamente em 3 dias
(57,9% maior em 8°C quando comparado a 0°C) e negativamente em 6 dias
(81,9% menor em 8°C quando comparados a 0°C). A GR foi modulada
positivamente em 1 dia ( 69,9% maior em 8°C quando comparado a 0°C) e 3
dias (81% maior em 8°C quando comparado a 0°C). Em Notothenia rossii o
aumento da temperatura não modulou os níveis de GPx e GR. Mas, a SOD foi
modulada positivamente em 6 dias (68% maiores em 8°C quando comparados
a 0°C) e a CAT foi modulada positivamente em 3 dias (97% maiores em 8°C
quando comparados a 0°C) e negativamente em 6 dias (86% menores em 8°C
quando comparados a 0°C). A GST também foi modulada negativamente em 6
dias (81,9% menor em 8°C quando comparados a 0°C). Os níveis de GSH não
foram modulados pela temperatura em ambas as espécies. O níveis de MDA
foram modulado negativamente em 3 dias a 8°C em ambas as espécies e
houve modulação positiva em 1 dia para N. coriiceps pelo aumento da
temperatura. Análises morfológicas dos eritrócitos indicaram que em N.
coriiceps o aquecimento a 8°C determinou o aumento da frequência de
alterações no formato celular, presença de vesículas na membrana plasmática,
núcleo em Blebbed e fissura nuclear. Em N. rossii o estresse térmico
influenciou o aumento da frequência de alterações no formato celular e a
presença de núcleos em Blebbed. A proporção de eritrócitos maduros e
imaturos, a frequência de micronúcleo, o deslocamento celular, volume celular
e nuclear não foram influenciados pelo estresse térmico em ambas as
espécies. Foi possível concluir que, nos nototenideos antárticos, N. rossii e N. coriiceps, espécies filogeneticamente muito próximas, os padrões de resposta
frente ao aumento da temperatura ambiental foram diferentes.
Palavras-chaves: eritrócitos, temperatura, estresse oxidativo, anormalidades
celulares. Abstract: Antarctic fish are cold-adapted species, considered stenothermal; the
metabolism of this fishes is very efficient at low temperatures. Recent studies
about climatic changes report accelerated warming in the Antartic Peninsula.
For the conservation of Antartic ecosystem and species is extremely important
to understand the metabolic plasticity and biochemical mechanisms involved in
high temperatures acclimation of Antartic fishes. This study aimed to verify the
effect of heat stress on the morphology and the antioxidant defense system in
erythrocytes of Notothenia coriiceps and Notothenia rossii, exposed for 1, 3 and
6 days to 8 +0.5 +0.5 ° C and 0 ° C. Morphological changes in erythrocytes and
activity levels of some enzymatic constituents like glutathione peroxidase ( GPx
), superoxide dismutase ( SOD ), glutathione S - transferase ( GST ), catalase (
CAT ), glutathione reductase ( GR ) and quantification of non-enzymatic
constituent, reduced glutathione ( GSH ) and lipid peroxidation ( LPO ), by
measurement of malondialdehyde (MDA) were analyzed. The temperature
increase to 8ºC in N.coriiceps do not modulated levels of SOD and GPx,
although, negatively modulates the levels of CAT 1 (87 % less than 8 ° C as
compared to 0 ° C) and 3 days (90 % less than 8 ° C as compared to 0 ° C).
GST was positively modulated in 3 days (57.9% 8 ° C higher in comparison to 0
° C) and negatively within 6 days (81.9 % less than 8 ° C as compared to 0 ° C).
The GR was positively modulated at 1 day ( 69.9% 8 ° C higher in comparison
to 0 ° C) and 3 days (81 % increase at 8 ° C as compared to 0 ° C). The
temperature increase in N. rossii do not modulate GPx levels of GR . However,
SOD was positively modulated in 6 days (68 % higher when compared to 8C 0 °
C) and CAT was positively modulated in 3 days (97% at 8 ° C higher in
comparison to 0 ° C) and negatively 6 days (86 % lower at 8 ° C as compared to
0 ° C). GST was also negatively modulated in 6 days (81.9 % less than 8 ° C as
compared to 0 ° C). Morphological analysis of erythrocytes indicated that in N.
coriiceps heating at 8 °C determined the increase frequency of changes in cell
format, presence of vesicles in plasma membrane and Blebbed nucleus. Heat
stress at 6 days in N. rossii influenced an increase frequency of changes in cell
shape and presence of Blebbed nucleus. The proportion of mature and
immature erythrocytes, frequency of micronucleus and cell displacement, cell
and nuclear volume were not affected by heat stress in both species. In
conclusion, N. rossii and N. coriiceps, phylogenetically close Antarctic
nototenideos, have different patterns of response due to increased
environmental temperature.
Keywords: erythrocytes, temperature, oxidative stress, cellular abnormalities.
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