Relação entre densidade mineral óssea, estado nutricional e níveis plasmáticos de vitamina D em crianças e adolescentes com fibrose cística
Resumo
Resumo: Introdução: A Fibrose Cística (FC) é uma doença causada por uma mutação genética que resulta na disfunção da proteína CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator) alterando o transporte de íons através do canal de cloro, causando espessamento das secreções. Caracterizada por infecções respiratórias, perda progressiva da função pulmonar, insuficiência pancreática e agravos do estado nutricional, a doença é mais prevalente entre caucasianos. Decorrente do avanço no conhecimento sobre a doença nas últimas décadas e do aumento no tempo de sobrevida, surgiram novas complicações relacionadas à FC, dentre elas, a alteração de massa óssea, que está relacionada com o estado nutricional, função pulmonar e deficiência de vitamina D. Objetivo: avaliar a densidade mineral óssea (DMO), estado nutricional e níveis séricos de vitamina D em crianças e adolescentes com FC. Método: trata-se de um estudo observacional, analítico, transversal não comparado. Foram avaliadas 42 crianças e adolescentes com idade entre 5 a 15 anos, portadores de FC, atendidos no ambulatório de Pneumologia Pediátrica do HC-UFPR. Todos os indivíduos foram avaliados por história clínica, antropometria, ingestão alimentar habitual de 3 dias, vitamina D sérica e submetidos a exame de absorciometria por dupla emissão de raios-X (DXA) para avaliação da DMO e composição corporal. O gasto energético foi obtido por calorimetria indireta. Resultados: a mediana de idade dos participantes foi de 9 anos e a média da proporção do consumo energético foi de 134% do gasto energético total estimado. Segundo o IMC/I 74,0% foram classificados como eutróficos. A DMO foi considerada dentro da faixa esperada para a idade em 97,0%, no entanto, 43,0% tiveram resultados de Z-score da DMO entre 0 e -2DP. Os níveis séricos de vitamina D foram insuficientes em 64,0% dos avaliados. Tiveram piores resultados de DMO aqueles colonizados por P. aeruginosa (p = 0.02), com menores valores de IMC (p < 0.004), área muscular do braço (AMB) (p < 0.001), e maior tempo de doença (p < 0.05). A massa magra corrigida para a idade apresentou forte correlação com a DMO (p < 0,001). Conclusão: a população avaliada neste estudo apresentou resultados da DMO dentro do esperado para a faixa etária. No entanto, parte dos avaliados tem resultados de DMO dentro da faixa de risco que exige acompanhamento regular do ganho de massa óssea. Colonização por P. aeruginosa, tempo de doença, menores valores de Z-score para IMC/I e AMB tiveram impacto negativo sobre a DMO. Os níveis séricos de vitamina D não estiveram relacionados com a ingestão alimentar, exposição à luz solar e DMO.
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