O óleo de peixe suplementado na dieta de ratos asmáticos tem ação limitada na contração do músculo liso das vias aéreas e na modulação da concentração de Leucotrieno B4
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Data
2014Autor
Miranda, Dalva Teresinha de Souza Zardo
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Resumo: Os efeitos anti-inflamatórios da suplementação com óleo de peixe resultam principalmente da incorporação dos ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) n-3 nas membranas celulares e consequente modulação da produção de eicosanoides e citocinas inflamatórias. Entretanto, sua eficácia na asma tem se mostrado inconsistente e poucos estudos foram realizados sobre sua ação na funcionalidade do músculo liso das vias aéreas, o que é determinante para a asma. Objetivo: avaliar os efeitos da suplementação de ratos asmáticos com óleo de peixe sobre a funcionalidade do músculo liso das vias aéreas (MLA) e a complacência pulmonar estática, bem como sobre os parâmetros inflamatórios relacionados com a hiperresponsividade e a obstrução das vias aéreas. Metodologia: Ratos Wistar foram separados em 4 grupos: controle (C); suplementado com óleo de peixe (OP); asmático (A), e asmático suplementado com óleo de peixe (AOP). Os grupos OP e AOP foram suplementados com 1 g de óleo de peixe/ kg de massa corpórea por 21 dias e os grupos A e AOP foram induzidos à asma com ovalbumina. A contagem total e diferencial de células no lavado broncoalveolar (LBA) e a capacidade fagocitária e de adesão dos macrófagos alveolares foram avaliadas, vinte e quatro horas após o último desafio com ovalbumina; o músculo liso obtido de um anel de traqueia foi isolado e a força de contração e o relaxamento foram avaliados; a complacência pulmonar estática foi avaliada utilizando-se um transdutor de pressão; as concentrações pulmonares de interleucina-1 (IL-1 ), fator de necrose tumoral- (TNF- ), prostaglandina E2 (PGE2), tromboxano B2 (TXB2), leucotrieno B4 (LTB4), 8- isoprostano prostaglandina F2 (8-Iso PGF2 ) e lipoxina A4 (LXA4) foram avaliadas por sistemas comerciais de kits de imuno-ensaio enzimático; o perfil de ácidos graxos (AG) no tecido pulmonar foi avaliado por cromatografia gasosa e a análise da espessura da parede das vias aéreas e do muco foram realizadas por morfometria dos bronquíolos. Para análise estatística foi utilizada ANOVA com pós-teste de Tukey e as diferenças foram consideradas significativas para p<0,05. Resultados: a suplementação com óleo de peixe nos animais asmáticos suprimiu a infiltração de leucócitos para os pulmões, reduziu a capacidade fagocitária de macrófagos alveolares e aumentou a complacência pulmonar estática; reduziu as concentrações pulmonares de tromboxanos B2, isoprostanos PGF2 e prostaglandinas E2, mas não teve efeitos sobre as concentrações de leucotrienos B4, TNF- e IL-1 e sobre a eosinofilia, que são fatores que afetam a funcionalidade do músculo liso das vias aéreas e a hiper-responsividade brônquica. Conclusão: a eficácia da suplementação com óleo de peixe em ratos asmáticos pode ser limitada por uma ação ineficiente sobre a contração do MLA, o que pode ser decorrente da falta de efeito na modulação que o óleo de peixe exerce sobre as concentrações de leucotrieno B4 na asma, ou ainda, à resistência do MLA aos efeitos dos AGPI n-3. Abstract: The anti-inflammatory effects of supplementation with fish oil mainly result from the incorporation of polyunsaturated fatty acids (PUFA) n-3 in cell membranes and consequent modulation of eicosanoid production and inflammatory cytokines. However, its efficacy in asthma has been shown to be inconsistent and few studies have been conducted on its effect on functionality of airway smooth muscle (ASM), which is crucial for asthma. Objective: To evaluate the effects of dietary supplementation of asthmatic rats with fish oil on the functionality of ASM and static pulmonary compliance, as well as on inflammatory parameters related to hyperresponsiveness and airway obstruction. Material and Methods: Wistar rats were divided into 4 groups: control (C), supplemented with fish oil (OP), asthma (A) and asthmatic supplemented with fish oil (AOP). AOP and OP groups were supplemented with 1 g fish oil / kg body mass for 21 days and the groups A and AOP were asthmainduced with ovalbumin. Twenty-four hours after the last ovalbumin challenge, the total and differential cell count of broncho-alveolar lavage (BAL) and the phagocytic and adhesion capacity of alveolar macrophages were evaluated; smooth muscle obtained from a ring of trachea was isolated and the force of contraction and the relaxation were assessed; static pulmonary compliance was measured using a pressure transducer; lung concentrations of interleukin-1! (IL-1!), tumor necrosis factor-" (TNF-"), prostaglandin E2 (PGE2), thromboxane B2 (TXB2), leukotriene B4 (LTB4), F2 isoprostane (8-Iso PGF2 ) and lipoxin A4 (LXA4) were evaluated by enzymatic imunoassays; Lung fatty acids (FA) profile was assessed by gas chromatography; the analysis of airway wall thickness and the amount of the mucus were performed by bronchial morphometry. Statistical analysis was performed using ANOVA with Tukey post-test and differences were considered significant for p<0.05. Results: Supplementation of asmathic animals with fish oil suppressed cell infiltration into the lungs, reduced the phagocytic capacity of alveolar macrophages and increased static lung compliance; reduced lung concentrations of thromboxane B2, F2 isoprostanes and prostaglandin E2, but had no effect on the levels of leukotriene B4, TNF-" and IL-1! and on eosinophilia, which are factors affecting the functionality of the airway smooth muscle and hyper-responsiveness. Conclusion: The effectiveness of fish oil supplementation in asthmatic rats can be limited by an inefficient action on ASM force of contraction, which may relate to the lack of effect upon the modulation of leukotrienes B4 by fish oil in asthma, or to the resistance of ASM to n-3 PUFA effects.
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