Uso de biomarcadores na avaliaçao dos efeitos do metilmercúrio em Hoplias malabaricus (Block, 1794) (Traíra)
Resumo
O mercúrio está entre os poucos poluentes que se acumula em organismos topo de cadeia, através dos níveis tróficos inferiores, e sendo assim os organismos predadores são os mais expostos aos efeitos tóxicos deste metal. Neste trabalho a espécie Hoplias malabaricus (traíra) foi utilizada para avaliar experimentalmente o efeito subcrônico do metilmercúrio (MeHg) por via trófica. Nove exemplares foram utilizados como controles e nove foram expostos ao organometal através de doses consecutivas de 0,075 µgMeHg/g peixe, onde exemplares vivos de Astyanax sp. foram utilizados como veículo. Após 14 doses administradas a cada 5 dias, totalizando 70 dias de exposição, os peixes foram
anestesiados e amostras foram coletadas para análises químicas, hematológicas, bioquímicas e morfológicas (Microscopia de Luz e Microscopia Eletrônica de Transmissão). Os dados histopatológicos mostraram a presença de infiltração leucocitária e um aumento centro de melanomacrófagos no fígado. Além disso, através da ultraestrutura foi possível identificar outros tipos de alterações como: a presença de vacuolização celular nas células endoteliais dos sinusóides, grânulos eletrodensos no citosol dos hepatócitos, bem como áreas de necrose. A diminuição do número de microvilos dos hepatócitos no espaço de Disse e necroses nesta região também foram alterações observadas. O rim anterior exibiu áreas de necrose e um aumento do número de centro de melanomacrófagos. Houve também um aumento do espaço entre as células do parênquima e das áreas fagocíticas. Foi observado ainda a presença de células atípicas no grupo exposto ao contaminante. Os
parâmetros hematológicos apresentaram algumas variações. O grupo exposto ao MeHg mostrou um aumento no número de eritrócitos, leucócitos, neutrófilos, trombócitos e também nos valores do hematócrito, hemoglobina e Volume Corpuscular Médio, no entanto o
número de linfócitos diminuiu no grupo tratado. Com as análises bioquímicas, foi observado uma inibição da atividade colinesterásica no músculo dos peixes expostos. A concentração total de MeHg em músculo e fígado mostrou uma tendência de acúmulo de metilmercúrio,
porém esta não foi estatisticamente significativa. Através do presente trabalho, verificou-se que a dose trófica e subcrônica do metilmercúrio é potencialmente tóxico para a espécie Hoplias malabaricus, acrescentando dados que auxiliam a compreensão dos mecanismos de toxicidade deste importante organometal Mercury (Hg) is a toxic heavy metal able to concentrate in aquatic food chains, mainly in
predatory fish, where the effects are more evident. In the present work a fish species,
Hoplias malabricus (thraíra), was used to evaluate the effects of subcronic and throphic
exposure to methylmercury (MeHg). A group of nine individuals was used as control and
another group received an organometal dose each five days (0,075 µgMeHg/g w.w.) through
living Astyanax sp. After 14 doses have been administrated, corresponding to 70 days of
exposure time, the fishes were anesthetized and samples were collected to perform
chemical, haematological, biochemical and morphological (light and transmission electron
microscopy) analyses. Some morphological findings were evident in liver tissue as:
Leukocytes infiltration, melano-macrophages centers and the presence of necrosis area. The
ultrastructure investigation showed some alterations on cells from liver as: the vacuolization
of endothelial cells in the sinusoids vessels, elecron-dense granules within the citosol of
hepatocytes and a decrease in the number of hepatocytes membrane projections near to the
sinusoids barrier. Also, the head kidney presented necrosis areas and an increase of
melano-macrophages centers. The space between parenquimal cells increase in the organ,
as well as the phagocytic areas. The presence of necrosis areas were also found at head
kidney of exposed individuals. In addition, atypical cells were observed in head kidney of
individuals from treated group. The hematological parameters presented some interesting
variations. Individuals from the exposed group showed an increase of erythrocytes,
leukocytes, neutrophils and trombocytes numbers. Also, the hematocrit, hemoglobin and
MCV values increased the respective values, despite of the lymphocytes number that
decreased in the individuals from the treated group. The biochemical analyses showed an
inhibition of acetilcolinesterase activity in muscle confirm the neurotoxicity of the
organometal. The chemical analysis presented a tendency of bioconcentration in muscle and
liver also confirming the characteristic of methylmercury accumulation in fish organs and in
muscle. According to the present results, we confirm the toxicity of metylmercury and in
addition, this work was the first to show experimentally the effects of trophic and subchronic
doses in tropical fish species Hoplias malabaricus.
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