Escore de risco de mortalidade hospitalar por endocardite infecciosa baseado em modelo logístico multivariado
Resumo
Resumo: A endocardite infecciosa persiste como doença de alta mortalidade,
apesar da evolução dos tratamentos medicamentoso e cirúrgico. Na literatura, ainda não
se dispõe de um índice, que permita estimar o risco de óbito pela patologia. Os objetivos
do presente trabalho foram: identificar variáveis preditivas de mortalidade hospitalar em
endocardite infecciosa; organizar as referidas variáveis sob forma de escore, com seus
respectivos pesos, mediante análise multivariada; estratificar a amostra de pacientes
estudados em grupos de risco de óbito de acordo com o escore; desenvolver um
software para fácil aplicação do escore. Para tanto, foram estudados,
retrospectivamente, 186 casos consecutivos de endocardite infecciosa (EI), confirmados
pelos critérios da Duke University, tratados no Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Paraná, entre 1988 e 1998. Trataram-se cirurgicamente 119 casos e só
clinicamente, 67. A mortalidade (MT) total foi de 26,3%. Os casos foram divididos em
dois grupos: alta (137) e óbito hospitalar (49). Através dos testes de qui-quadrado, teste
exato de Fisher, U de Mann-Whitney e análise de regressão logística múltipla, foram
analisadas variáveis epidemiológicas, clínicas, laboratoriais, eletrocardiográficas,
ecocardiográficas e manifestações a distância. A partir das razões das chances obtidas
em análise multivariada e arredondadas para valores inteiros, foi criado um escore de
risco de mortalidade. Foram preditivos de maior mortalidade, em análise multivariada:
idade igual ou superior a 40 anos (r.c.=4,16), insuficiência cardíaca classe IV ou choque
cardiovascular (r.c.=4,93), sepse não-responsiva à antibioticoterapia (r.c.=5,97),
distúrbio de condução ao eletrocardiograma (ECG)(r.c.=5,07), arritmia ao ECG
(r.c.=8,17), valva com grande destruição ou abscesso ou prótese (r.c.=4,77) e vegetação
grande e móvel (r.c.=4,36). Pacientes com escore entre 0 e 10 tiveram 5,26% de MT,
entre 11 e 15: 32,7%, entre 16 e 20: 56,5% e maior que 20: 78,9%. A área sob a curva
ROC para o escore foi 0,835 e para o cálculo de mortalidade, 0,872, mostrando que
muito pouco da performance preditiva é perdida quando se usa o escore. Pode-se
concluir que: as variáveis preditivas de mortalidade com seus respectivos pesos no
escore são: idade igual ou superior a 40 anos (4 pontos); insuficiência cardíaca classe IV
(NYHA) ou choque cardiovascular (5 pontos); sepse não-responsiva à antibioticoterapia
(6 pontos); distúrbio de condução ao ECG (5 pontos); arritmia ao ECG (8 pontos); valva
com grande destruição ou abscesso ou prótese (5 pontos) e vegetação grande e móvel (4
pontos). Quanto maior o escore, maior é a mortalidade, complemente-se, ainda, que a
estimativa de mortalidade obtida por cálculo ou pelo escore é semelhante. É possível
utilizar software para facilitar a aplicação do escore e calcular risco de mortalidade por
endocardite infecciosa. Abstract: The clinical and surgical treatment of infectious endocarditis has evolved a lot,
but the mortality is still high. There are not, at literature, until now, an index that make
possible calculate mortality risk.The aims of this study are: identify in-hospital mortality
predictive variables; organize those variables in a score form, with its respective weight,
using multivariate analysis; stratify the patients into groups of different risk, based on
the score and developing software for easy application of the score. For that, 186
consecutives cases of infectious endocarditis (IE), confirmed by the Duke criteria were
retrospectively studied, in the HC-UFPR, between 1988 and 1998. The treatment was
clinical only in 67 cases and clinical plus surgical in 119 cases. The total mortality (MT)
was 26.3%. The cases were divided into two groups: discharged (137) and dead (49).
Though Chi-square test, Fisher's exact test, U-Mann-Whitney and multivariate logistic
regression analysis, were analyzed epidemiologic, clinical, laborians,
eletrocardiographics, echocardiographies and distant manifestations variables. The risk
index was created by rounding the odds ratios (o.r.) of logistic model to the nearest
integer. In multivariate analysis, the greater mortality predictive were: age 40 or older
(o.r.=4.16), class IV heart failure or cardiovascular shock (o.r.=4.93), uncontrolled
septicemia (o.r.=5.97), conduction disturbance (o.r.=5.07), arrhythmia (o.r.=8.17),
greatly destroyed valve or abscess presence or prosthetic IE (o.r.=4.77) and great and
mobile vegetation (o.r.=4.36). Patients with score between 0 and 10 had 5.26% MT,
between 11 and 15: 32.7%, between 16 e 20: 56.5% and great tham 20: 78.9%. The area
under ROC curve for the score was 0.835 and for mortality probability calculation was
0.872. Predictive performance is not decreased using the score. In conclusion, the
variables predictive of greater mortalility with its weight were: age 40 or older (4), class
IV heart failure or cardiovascular shock (5), uncontrolled septicemia (6), conduction
disturbance (5), arrhythmia (8), greatly destroyed valve or abscess presence or
prosthetic IE (5) and great and mobile vegetation (4). A major score was associated with
great mortality. The mortality predictive power of the score and of the mortality risk
calculation was similar. It is possible to use software for easy application of the score.
Collections
- Teses & Dissertações [10563]