Mato que vira mar, mar que vira mato : o território em movimento na Vila dos Pescadores da Barra de Ararapira (Ilha do Superagui, Guaraqueçaba, Paraná)
Resumo
Resumo: Situada na Ilha do Superagüi, Estado do Paraná (Brasil), a vila de pescadores de Barra de Ararapira abrange um território em permanente mudança. Um processo erosivo natural – originado na chamada barra – impõe a seus habitantes a necessidade de transferência periódica de construções em terra e rotas de pesca. Em 1997, quando da ampliação do Parque Nacional do Superagüi, Barra de Ararapira foi incluída no interior dessa unidade de conservação, cujos limites são dados por coordenadas fixas que pouco combinam com a mobilidade do território do vilarejo. Ocorre assim o choque entre duas racionalidades distintas: de um lado, um grupo de forte vínculo com seu lugar graças ao exercício constante da memória; de outro, uma política pública na qual parques nacionais são espaços de proteção integral, onde a ação humana é vetada para assegurar o futuro do planeta. Esta etnografia se propõe a uma abordagem da problemática da territorialidade em Barra de Ararapira, a partir do traçado de sua "cosmografia", delimitada por cinco itens: história de ocupação guardada na memória coletiva; vínculos afetivos com o território; regime de propriedade; uso social dado ao espaço e mecanismos de proteção dele. O trabalho de campo revelou que laços de parentesco e a devoção religiosa operam enquanto idiomas nativos para reconstruir, ordenar e refletir sobre um território em constante transformação. Ademais, evidenciou como esses elementos são acionados pelos pescadores em situações de defesa territorial. Abstract: Located on the Superagui Island, Parana State (Brazil), Barra de Ararapira.s fishing village covers a territory in constant change. A natural erosion process . caused in a place called .barra. . imposes on its inhabitants the need for periodic transfer of buildings on land and fishing routes. In 1997, when the enlargement of the Superagui National Park, Barra de Ararapira was included within this protected area whose limits are given by some fixed coordinates that not match with the mobility of the village territory. Occurs so the clash between two distinct rationalities: on one hand, a group with strong ties to their place thanks to the constant memory exercise; on the other, a public policy in which national parks are strictly protected areas where human action is forbidden to ensure the planet future. This ethnography is proposed to approach the issue of territoriality in Barra de Ararapira, from the plot of its "cosmography", bounded by five items: occupation history stored in the collective memory; affective ties with the territory; ownership; social use given to the space and its protection mechanisms. The fieldwork revealed that kinship ties and religious devotion operate as native languages to rebuild, organize and reflect on a territory in constant transformation. Moreover, it showed how those elements are activated by fishermen in situations of territorial defense.
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- Teses & Dissertações [9996]