Interferências fonológicas nos falantes bilíngues do português e do japonês : fatores socio e psicolinguísticos
Resumo
Resumo: O presente trabalho é um estudo a respeito das interferências fonêmicas da língua japonesa sobre a portuguesa, na fala de informantes nipo-brasileiros de algumas regiões do Paraná ( região norte e nordeste) e de japoneses da cidade de Tóquio, estudantes da língua portuguesa como segunda língua. Decidimos realizar este estudo porque o freqüente contato com japoneses e seus descendentes, que eram amigos, parentes, conhecidos do trabalho e das associações culturais japonesas, despertou um sentimento de curiosidade com relação à fala do português realizada por estas pessoas. A metodologia adotada foi a de observação direta e de gravações da fala dos informantes, optando-se pela análise de dados quantitativa. Os informantes, todos bilíngües, adquiriram o japonês como primeira língua e o português como segunda (L2). A fim de estender os resultados das análises labovianas, pelas quais a idade, o sexo e a escolaridade eram relevantes para explicar a interferência, realizamos uma análise destes três fatores ou variáveis, acrescentando outros que consideramos importantes. Nossa análise adicionou a estes fatores sociolingüísticos de LABOV (1972) os seguintes fatores lingüísticos e extralingüísticos: a necessidade e a motivação do aprendiz, a geração, a idade em que ocorreu o primeiro contato com a língua portuguesa, o contexto lingüístico anterior e o posterior à sílaba { I + vogai} da palavra e a ocorrência do fonema l\l ou Irl em outras sílabas da mesma palavra. A pesquisa demonstrou que os informantes estão ligados por interesses étnicos e culturais. Apesar de não pertencerem à mesma rede social, ou seja, ainda que muitos informantes não se conheçam, os costumes e os hábitos típicos da colônia japonesa representam um forte aspecto de vínculo. Os níveis de interferência variaram muito conforme a motivação apresentada pelo falante. Os informantes que sentiram maior necessidade de aprenderem a língua portuguesa, por variados motivos que tenham existido, automaticamente apresentaram uma grande motivação e bons resultados na aquisição da segunda língua. Na fala destes informantes, notamos um menor nível de interferência e maior desembaraço ao comunicarem-se em português. Os fatores lingüísticos também demonstraram que alguns contextos específicos facilitam a ocorrência de trocas entre os fonemas l\l e Irl mais do que outros. Estes casos serão vistos em detalhe posteriormente. Este é um trabalho interdisciplinar que apresenta aspectos sócio-culturais e antropológicos, na medida que relata a imigração do povo japonês e as fases de adaptação deste povo oriental com costumes tão distintos dos do povo brasileiro; além dos aspectos socio e psicolingüísticos, representados pelos fatores que influenciam a maior ou menor manutenção da interferência fonética da fala dos nipo-brasileiros entrevistados.
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