Efeitos do extrato das cascas de Rauwolfia sellowii Müll Arg. e suas frações sobre a viabilidade e a melanogênese em células de melanoma murino B16F10
Resumo
As cascas de Rauwolfia sellowii, Apocynaceae, conhecida como "paupara-
tudo", tem uso na medicina popular no tratamento de diabetes e colesterol,
além de o extrato de suas raízes ser comercializado como anti-hipertensivo.
Estudos químicos do gênero Rauwolfia demonstraram que este é rico em
alcalóides indólicos bioativos, alguns dos quais já tendo sido identificados.
Diversos alcalóides apresentam atividade anti-tumoral e efeitos sobre células
pigmentares. O objetivo deste trabalho foi caracterizar os efeitos do extrato das
cascas de R. sellowii (ECRs) e de suas frações sobre a viabilidade celular e o
conteúdo de melanina de células de melanoma murino (B16F10), visando indicar
futuros agentes terapêuticos contra patologias pigmentares, como por exemplo,
o melanoma. A partir do ECRs foi preparada a fração rica em alcalóides (FRA), a
qual foi fracionada em coluna cromatográfica a vácuo obtendo-se: a fração
metanólica (FMeOH), a fração aquosa (FAQ) e o composto isolado de R. sellowii
(Rs-1). No ensaio de viabilidade celular as células foram diluídas em azul de
Trypan e contadas em hemocitômetro. O conteúdo de melanina foi determinado
utilizando-se de uma curva-padrão confeccionada a partir de concentrações
conhecidas de melanina sintética; a absorbância das amostras foi determinada
em espectrofotômetro, a 490 nm. A incubação com os extrato/frações/composto
teve duração de 24 h. Os resultados demonstraram que o ECRs, a FRA e a
FMeOH reduziram significativamente a viabilidade das células de melanoma
murino, nas concentrações de 0,1 a 10 mg/mL (p<0,001). A FMeOH também
reduziu significativamente a viabilidade celular nas concentrações de 50 e 100
µg/mL (p<0,001). A FRA na concentração de 10 mg/mL e a FMeOH em todas as
concentrações testadas também aumentaram significativamente o conteúdo de
melanina das células B16F10 após o tratamento (p<0,001). Em conclusão, o
ECRs, a FRA e a FMeOH mostraram-se citotóxicos e, as duas últimas frações,
hipermelanogênicas sobre as células, sugerindo que os alcalóides presentes no
extrato e/ou nas frações das cascas de R. sellowii podem ser as substâncias
responsáveis pelos efeitos biológicos aqui observados e que os mesmos
alcalóides apresentariam potencial na terapêutica do melanoma. Barks of Rauwolfia sellowii, Apocynaceae, a plant popularly known as
"pau-para-tudo" are commonly used in folk medicine for the treatment of diabetes
mellitus and high plasma cholesterol. Root extracts have also been
commercialized for their antihypertensive properties. Chemical studies have
identified several bioactive indole alkaloids in species of the genus Rauwolfia,
reported to have activity against cancer and pigment cells. The aim of this work
was to characterize the effects of bark extract of R. sellowii (BERs) and its
fractions on cellular viability and melanin content of mouse melanoma cells
(B16F10). The long-term goal was to obtain new therapeutic agents that can be
used against pigmentation disorders such as, for example, melanomas. BERs
were used to prepare an alkaloid rich fraction (AlkF), which was fractionated
using a vacuum cromatography column. Several fractions were thus obtained: a
methanolic fraction (MeOHF), an aqueous fraction (AqF), and the isolated
compound of R. sellowii (Rs-1). Cellular viability was quantified using a cell
counter in the presence of Trypan Blue. Melanin content was determined using a
standard curve with known concentrations of synthetic melanin; absorbance of
the samples was determined in a spectrophometer at 490 nm. The period of
treatment with the extract/fractions/compound was 24 h. The results showed
significant decrease in B16F10 cell viability by 0.1 – 10 mg/mL BERs, AlkF and
MeOHF (p<0.001). The MeOHF showed significant decrease in cell viability by
50 and 100 µg/mL (p<0,001). The 10 mg/mL dose of AlkF and all doses of
MeOHF fractions also induced a significant increase in the melanin content of
treated B16F10 cells (p<0.001). In conclusion, BERs, AlkF, and MeOHF showed
cytotoxic effects, and AlkF and MeOHF, hypermelanogenic effects on cells,
suggesting that the alkaloids in the extract and/or in the fractions from bark of R.
selowii may be inducing the biological effects observed and may be considered
as promising candidates for the treatment of melanoma.
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