Avaliação do efeito terapêutico do soro antiloxoscélico em coelhos em diferentes intervalos de tempo após exposição ao veneno da aranha marrom (Loxosceles intermedia)
Resumo
Resumo : Os acidentes com aranhas Loxosceles representam um importante problema de saúde pública na América do Sul, onde há predominância das espécies L. laeta, L. gaucho e L. intermedia. A picada pela aranha induz um quadro cutâneo necrótico e menos comumente a doença sistêmica que pode ser fatal. O tratamento, ainda controverso, apresenta vários protocolos, tendo o soro antiveneno como o único tratamento específico. Procuramos avaliar neste trabalho a ação do soro antiloxoscélico na cinética do envenenamento, através de protocolo que reproduzisse o acidente com a aranha marrom (L. intermedia), espécie responsável pelo maior número de acidentes no Brasil. Já foi demonstrada por outros estudos a efetividade terapêutica do antiveneno quando este é aplicado precocemente (até 4 horas), portanto buscamos verificar o efeito neutralizante do soro antiloxoscélico aplicado em diferentes intervalos de tempo após envenenamento experimental e determinar até que momento a soroterapia ainda apresenta benefício terapêutico no comprometimento cutâneo e sistêmico do loxoscelismo, considerando que o paciente acidentado geralmente procura tratamento médico muitas horas após o envenenamento. Coelhos neozelandeses foram utilizados em experimentos de indução de dermonecrose e alterações sistêmicas com veneno de L. intermedia em dose de 2 DMN (dose mínima necrosante). A aplicação do antiveneno loxoscélico – CPPI (4 mL por animal em cinética temporal) foi capaz de minimizar os efeitos do envenenamento observados por meio de parâmetros cutâneos (eritema, edema, equimose e área necrótica) e sistêmicos (contagens de células sanguíneas e plaquetas, parâmetros hematimétricos e a dosagem de fibrinogênio) até doze horas após a inoculação do veneno. Adicionalmente houve redução parcial da área necrótica em até quarenta e oito horas. A soroterapia utilizando o antiveneno - CPPI mostrou-se capaz de interferir na progressão do quadro clínico induzido pelo envenenamento, sugerindo assim tratar-se de uma importante abordagem terapêutica para o Loxoscelismo. Abstract : Bites by Loxosceles spiders are an important public health problem in South America, where the L. laeta, L. gaucho and L. intermedia species predominate. Spider bites induce cutaneous necrosis and, less commonly, may cause systemic illness that can be fatal. Treatment, which is still controversial, includes several protocols, and antivenin serotherapy is the only specific treatment. In this work we evaluate the action of anti-Loxosceles serum in the kinetics of envenomation, by means of a protocol that reproduces bites of the brown spiders (L. intermedia) that are responsible for most accidents in Brazil. Other studies have already demonstrated the therapeutic effectiveness of antivenin when it is applied quickly (within 4 hours) and, therefore, we evaluate the neutralizing effect of anti-Loxosceles serum applied at different time intervals after the experimental envenomation and determine up to which moment serotherapy still shows therapeutic benefits against cutaneous and systemic effects of loxoscelism, also considering that patients usually search for medical treatment several hours after envenomation. New Zealand rabbits were used for the experiments in which dermonecrosis and systemic alterations were induced by 2 MND (minimum necrotic dose) of venom from L. intermedia. The use of the CPPI (Centro de Pesquisa e Produção de Imunobiológicos) loxoscelic antivenin (4 mL per animal) minimized the effects of envenomation, as evaluated by cutaneous (erythema, edema, ecchymosis and necrotic area) and systemic (blood cell and platelet counts, hematimetric parameters and fibrinogen dosage) criteria, when applied up to 12 hours after venom inoculation. Also, there was a partial reduction of the necrotic area when antivenin was used up to 48 hours after the inoculation. Sero therapy with CPPI antivenin was proved to interfere with the progression of clinical symptoms induced by envenomation, suggesting that this is an important therapeutic approach against Loxoscelism.
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