O papel social da Residência Multiprofissional em Saúde
Resumo
Resumo : Quando se fala em Residência, tanto a médica quanto a multiprofissional, o senso
comum sobre seu objetivo é de que profissionais poderão se formar em uma área
específica através do trabalho em um serviço de saúde, juntando assim educação e
prática. Entretanto, o dia a dia das Residências se mostra controverso a esse senso
comum. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo analisar o papel da
Residência Multiprofissional em Saúde da Família em relação à sua formação pelo
trabalho. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas entre julho e dezembro de 2017,
com quatro residentes, de profissões diferentes e que ingressaram em anos diferentes,
como forma de levantar dados sobre o objeto em estudo. As entrevistas foram gravadas,
depois transcritas e por fim analisadas. As perguntas tinham a finalidade de captar o
cotidiano dos entrevistados e a análise buscou caracterizar a relação entre a formação e
a prática, com o intuito de compreender se a Residência estava realmente realizando
uma formação pelo trabalho. A partir da análise das entrevistas pode-se perceber que
quanto à educação, existe ausência de preceptoria e tutoria e falta de tempo para o
estudo; e quanto à prática, que existe uma substituição de força de trabalho por
residentes e falta de condições de trabalho. Assim, apesar de a formação dos
profissionais residentes ser a premissa principal, o objetivo da residência parece ser a
precarização do trabalho em saúde, visto que o residente é um profissional mais barato,
com menos direitos e em uma relação mais frágil de trabalho.