Desafios decoloniais : práticas de enfrentamento à colonialidade no ensino superior
Resumo
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo investigar e problematizar quais e como os conceitos derivados da decolonialidade estão presentes nas práticas docentes em aulas de diferentes cursos de graduação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana - UNILA, instituição pública de Ensino Superior que afirma estar pautada na prática intercultural. Como construto teórico para realização desta pesquisa, utilizo explanações de distintas autoras e autores como Walsh (2013, 2017), Quijano (2005), e Fanon (1961, 2020), que tratam de questões relativas à colonialidade/decolonialdade e da pedagogia decolonial. A colonialidade representa um modelo único e universal de construção de conhecimento, de perspectiva eurocêntrica. O que se tem como modelo e o padrão a ser seguido e levado em conta, na lógica colonial, são os conceitos modernos e eurocentrados. Já a decolonialidade se caracteriza como um movimento de pensamento crítico a partir de subalternizados pela colonialidade e funciona em contraposição às perspectivas dominantes do conhecimento. Na realização desta pesquisa, utilizo o paradigma qualitativo de investigação e como metodologia, a etnografia. Tal escolha permitiu utilizar como ponto de partida a observação e a descrição dos fenômenos, que neste caso particular, estão centrados na práxis pedagógica em um contexto marcado. A observação participante das práticas pedagógicas docentes ocorreu no ano de 2021, de forma remota, por conta da pandemia de Covid-19, com o acompanhamento das disciplinas que fazem parte do Ciclo Comum de Estudos da UNILA. Esta é uma etapa formativa obrigatória de todos os cursos de graduação da referida instituição, independente da área de conhecimento. Nesta tese, estabeleço também relações entre os documentos institucionais da universidade com as práticas pedagógicas observadas. As análises foram feitas levando em conta diferentes conceitos que ancoram a colonialidade como raça, capitalismo e eurocentrismo e estão focadas em entender como as práticas pedagógicas observadas enfrentam ou não a colonialidade. Parti da perspectiva de que as práticas decoloniais podem funcionar como uma postura de enfrentamento e resistência à colonialidade nos contextos de ensino aprendizagem universitário. Walsh pontua que, a partir da pedagogia como ação decolonial, os agentes educativos podem repensar e derrubar estruturas epistêmicas, políticas e sociais da colonialidade. Nesta tese, portanto, reflito sobre práticas pedagógicas que se abrem a novas possibilidades de construção de saberes e que desafiam as estruturas epistêmicas da colonialidade. Abstract: The present research aims to investigate and problematize which and how the concepts derived from decoloniality are present in teaching practices in classes of different undergraduate courses at the Federal University of Latin American Integration - UNILA, a public institution of Higher Education that claims to be based on intercultural practice. As a theoretical construct for this research, I use explanations from different authors such as Catherine Walsh (2013, 2017), Quijano (2005), and Fanon (1961, 2020), who deal with issues related to coloniality/decoloniality and decolonial pedagogy. Coloniality represents a single, universal model of knowledge construction from a Eurocentric perspective. What we have as a model and standard to be followed and taken into account, in the colonial logic, are the modern and Eurocentric concepts. Decoloniality, on the other hand, is characterized as a movement of critical thinking from those subalternized by coloniality and works in opposition to the dominant perspectives of knowledge. In this research, I use the qualitative research paradigm and ethnography as methodology. This choice allowed me to use as a starting point the observation and description of phenomena, which in this particular case, are centered on pedagogical praxis in a marked context. The participant observation of pedagogical teaching practices took place in the year 2021, remotely, because of the Covid-19 pandemic, with the monitoring of the disciplines that are part of the Common Cycle of Studies at UNILA. This is a mandatory formative stage of all the undergraduate courses of the referred institution, regardless of the area of knowledge. In this thesis, I also establish relationships between the university's institutional documents and the pedagogical practices observed. The analyses were made taking into account different concepts that anchor coloniality such as race, capitalism, and Eurocentrism and are focused on understanding how the observed pedagogical practices confront or not coloniality. I start from the perspective that decolonial practices can function as a stance of confrontation and resistance to coloniality in university teaching learning contexts. Walsh points out that from pedagogy as decolonial action, educational agents can rethink and overthrow epistemic, political, and social structures of coloniality. In this thesis, therefore, I reflect on pedagogical practices that are open to new possibilities of knowledge construction and that challenge the epistemic structures of coloniality.
Collections
- Teses [188]