Representações sociais do adultério no limiar do século XXI : família, gênero e religião em Curitiba
Resumo
Resumo: Esta dissertação analisa as representações sociais do adultério produzidas na contemporaneidade. O adultério é crime previsto pelo Código Penal, entretanto, como a legislação não define em que consiste a conduta criminosa, a tarefa de conceituar adultério vem sendo delegada aos juristas, que se apoiam em critérios objetivos, como a necessidade de produção de prova, para determinar a conduta típica, desconsiderando aspectos de cunho subjetivo como as diferenças de gênero, de geração, de classe social ou de religião. Considerando que, ao representar, o indivíduo atribui significado ao que está representando, e que, para isso, ele se utiliza de diversos elementos que fazem parte de seu cotidiano; o estudo das representações sociais do adultério resgata os elementos que influenciam na produção dessas representações enfatizando a forma como esses elementos se apresentam. Através de uma pesquisa qualitativa, calcada em entrevistas nãodiretivas realizadas com 28 pessoas - com no mínimo cinco anos de união estável ou de casamento civil, todas com curso superior completo, sendo 7 homens católicos praticantes, 7 homens batistas praticantes, 7 mulheres católicas praticantes e 7 mulheres batistas praticantes -, demonstra-se a influência de elementos subjetivos na produção das representações sociais do adultério. Ao representar, os entrevistados resgatam a história da família com a sua privatização cada vez maior e com a ascensão do individualismo; enfatizam a exacerbação do individualismo na contemporaneidade; ampliam substancialmente os conceitos de adultério elaborados pelos juristas, considerando que a intenção de trair já configura adultério; estabelecem diferenças entre o adultério masculino e o adultério feminino, atribuindo às mulheres qualidades como fragilidade e emotividade e aos homens atributos como força e racionalidade; e expressam de forma diferenciada a influência da religião, sendo o discurso dos católicos mais secularizado do que o dos batistas.
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