Crítica ao programa de participação nos lucros ou resultados (PLR)
Resumo
Resumo: A grande crítica ao capitalismo, realizada por Marx, fornece o entendimento das práticas do modo capitalista de produção, calcado na antagonia de classes. Uma das práticas mais atuais do capital é a remuneração variável condicionada ao desempenho, a PLR – Participação nos Lucros e Resultados, que vem sendo praticada com certa veemência por diversas empresas. Consiste no pagamento ao trabalhador de frações de lucros e resultados adquiridos pelo capital, de maneira condicionada à realização de metas estipuladas através de indicadores diversos. Estudos do DIEESE e a análise dos acordos coletivos das empresas Renault e Bosch, entre 2003 e 2007, demonstram que os principais indicadores são relacionados à qualidade, ao comportamento do trabalhador, à intensificação do trabalho e ao nível de produtividade. Na avaliação comportamental, o absenteísmo se destaca como indicador individual de contribuição para maior eficácia da empresa. Os indicadores de qualidade implicam na economia de capital constante e capital variável, aumentam a taxa de trabalho útil e diminuem a necessidade de retrabalho. A PLR funciona como um impulso para intensificação do trabalho, de modo que o esforço e a produção do trabalhador tornam-se maior num mesmo espaço de tempo e a extração de mais-valia se eleva. Para os casos analisados, observa-se a falta de transparência dos acordos coletivos, a complexidade de contabilização das metas e o aumento contínuo das mesmas. Além disso, a remuneração ao trabalho só ocorre depois que o produto se realiza em dinheiro e está condicionada à contabilidade do capitalista que, por vezes, exige lucro mínimo para o pagamento da PLR. Diante dessa estratégia, o trabalhador adquire uma parcela da mais-valia extra gerada por ele mesmo, diante da intensificação do seu trabalho.
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- Ciências Econômicas [2072]