Eudistoma carolinense Van Name, 1945 (Tunicata, ascidiacea) como substrato biológico e sua macrofauna associada
Resumo
Resumo: Eudistoma carolinense é uma ascídia colonial que tem crescimento vertical, apresentando projeções digitiformes que surgem de uma base incrustante expandida. Por tratar-se de um organismo séssil, e devido a sua forma de crescimento e localização, E. carolinense torna-se um substrato vivo, favorecendo o estabelecimento de grande variedade de espécies de invertebrados sésseis ou vágeis. A presente pesquisa foi realizada no período de fevereiro/96 a janeiro/97. Quinze amostras de 25 cm2 de E. carolinense foram coletadas em cada um dos meses de fevereiro (verão), maio (outono), agosto (inverno) e novembro (primavera) e 10 amostras de 9 cm2 nos demais meses, na zona entre marés do costão rochoso da Praia de Itapema do Norte, SC. Todas as amostras foram utilizadas para caracterização do microambiente formado por E. carolinense, e somente as de 25 cm2 serviram para o estudo da macrofauna associada. Para caracterização do substrato biológico foram considerados os seguintes aspectos: volume e granulometria do sedimento acumulado na colônia; volume, espessura (altura das digitações) e densidade das digitações da colônia. O volume de sedimento acumulado apresentou correlação positiva com o volume da ascidia e também com a densidade de digitações. A abundância total da fauna associada por estação do ano, foi de 2021 indivíduos no verão, 3077 no outono, 2710 no inverno e 1872 na primavera. Foram registrados os seguintes grupos taxonômicos: Porifera, Cnidaria, Plathyhelminthes, Nemertinea, Nematoda, Polychaeta, Sipuncula, Mollusca, Crustacea, Pycnogonida, Bryozoa, Echinodermata e Chordata. Foram identificadas 107 espécies associadas, sendo que Nicolea venustula, Typosyllis hyalina, Pseudonereis gallapagensis, T. variegata, Elasmopus pectenicrus, Sphenia antillensis e Molgula phytophila, as quais apresentaram os maiores valores de índice de Valor Biológico geral, foram consideradas características em Eudistoma. O volume e densidade de digitações da ascidia influenciaram positivamente a abundância total da fauna, assim como, a riqueza de espécies. Já a diversidade apresentou correlação negativa com espessura da colônia. Por abrigar uma série de outros organismos entre suas digitações, E. carolinense pode ser considerada um "engenheiro autogênico", transformando e tornando-se parte do ambiente. Comparando-se diversos substratos biológicos, já pesquisados, com diferentes arquiteturas, verificou-se que não existe uma relação evidente entre os grupos arquiteturais e a fauna associada, tanto em relação aos grandes grupos taxonômicos como em relação a diversidade. Além da arquitetura, outras características do substrato, de igual importância, também poderiam ser levadas em consideração, a saber: localização do substrato no costão, presença ou não de sedimento e de estruturas inertes, composição química da superfície e possibilidade de eliminação de substâncias alelopáticas na água, entre outras.
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