Saúde ocupacional e robótica : As interfaces robô-trabalhador emergentes relevantes para o médico do trabalho
Resumo
Resumo: INTRODUÇÃO: O número de robôs instalados nos parques industriais de diversos países tem aumentado. Este aumento é percebido tanto em países desenvolvidos, quanto nas economias em desenvolvimento. As tecnologias robóticas mais modernas promovem uma interação cada vez maior entre o ser humano e o robô num mesmo espaço físico. Esta colaboração traz mudanças aceleradas nas atividades realizadas pelos trabalhadores, fazendo com que as normativas e regulamentações não acompanhem este ritmo. É neste hiato que reside a necessidade de se estudar quais são as interfaces robô-trabalhador emergentes relevantes para o médico do trabalho. MÉTODOS: Esta revisão de literatura se propõe a apresentar quais os tipos de robôs que são utilizados, quais as indústrias que os utilizam, quais são os tipos de interação humano-robô presentes no ambiente de trabalho, quais os tipos de trabalhadores influenciados pela utilização do robô e sobre qual tema esta influência foi abordada através da extração de dados de artigos selecionados após pesquisa por palavraschave em bases indexadas. RESULTADOS: A maior frequência de publicação dos artigos ocorreu após 2002, o país com maior quantidade de publicações foram os Estados Unidos da América e a indústria da saúde foi a mais estudada. O robô de serviço foi amplamente o mais prevalente nesta pesquisa, a interação humano-robô do tipo mais colaborativa também foi a mais encontrada, assim como o trabalhador classificado como operador. Foram identificados sete temas relevantes para o médico do trabalho, em ordem decrescente de frequência: operação do robô, ergonomia, carga mental, segurança, mudança no perfil do serviço dos trabalhadores devido ao papel assumido pelo robô, reabilitação e treinamento. DISCUSSÃO: A frequência da publicação dos artigos pareceu acompanhar o índice de "Instalações anuais de robôs industriais – mundo". Além disto, a distribuição dos estudos foi geograficamente desigual, predominando nos países desenvolvidos e mais industrializados. Entretanto, apesar do maior estoque mundial de robôs industriais, foram verificados mais estudos no setor de saúde e de robôs de serviço. A maior frequência de interações humanorobô tipo 2, mais colaborativos, refletiu a tendência de que aplicações colaborativas humano-robô irão complementar a robótica tradicional. Esta característica também foi notada nos tipos de trabalhadores influenciados pela presença do robô. A relevância de cada um dos temas identificados também foi abordada com alguns casos citados como exemplos. CONCLUSÃO: A revisão mostrou que diferentes tipos de interfaces robô-trabalhador emergentes são relevantes para o médico do trabalho. A crescente utilização em forma colaborativa, que promove mudança do perfil de trabalho do operador, programador e outros trabalhadores. O uso do robô em tarefas mais desagradáveis ou perigosas para humanos, mas que podem promover maior sobrecarga ergonômica e/ou de carga mental para o operador. Além disto, o estudo também identificou certo descompasso no ritmo da evolução tecnológica e das normas de segurança relacionadas, assim como alertou para uma possível mudança na cadeia produtiva global, de relevante impacto para os países em desenvolvimento.
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- Medicina do trabalho [182]