Uso do metanol oriundo de resíduos florestais como alternativa de combustível para embarcações brasileiras
Resumo
Resumo: O transporte marítimo é essencial para o desenvolvimento e a prosperidade econômica das nações. Entretanto, como todas as demais atividades humanas, gera impactos ambientais e é responsável por emissões significativas de gases de efeito estufa. Está cada vez mais evidente a relação entre a emissão desses gases e as mudanças climáticas que estão correndo no mundo. Reconhecendo este fato, comunidades científicas, acadêmicas e empresariais pesquisam possíveis soluções técnicas e operacionais para reduzir essas emissões. Dentre as rotas científicas estão os combustíveis marítimos alternativos. O objetivo deste estudo foi avaliar o metanol, obtido a partir de resíduos florestais, como combustível marítimo
alternativo. O trabalho foi desenvolvido através de dados coletados na revisão de literatura, banco de dados e estatísticas de órgãos governamentais. O estudo concluiu que, sob condições favoráveis, até 8% das necessidades energéticas de combustíveis para o transporte aquaviário de carga e passageiros por vias interiores e por cabotagem, no Brasil, poderão ser atendidas por metanol oriundo de biomassa até 2030. Isso representaria uma demanda estimada de aproximadamente 558 milhões de litros de metanol. Nessa circunstância, a substituição dos combustíveis fósseis por metanol evitaria uma emissão de gases de efeito estufa superior a meio milhão de tCO2e por ano. Entretanto, para que essa conjunção favorável ocorra, será necessário que seu custo de produção seja mais competitivo em relação aos demais combustíveis, bem como uma regulamentação mais rigorosa para acelerar a descarbonização do setor marítimo até 2040. Estimou-se, também, que, a partir do quantitativo de resíduos florestais projetado para 2030, há um potencial no país para a produção anual de metanol oriundo dessa matéria prima de aproximadamente 7,6 bilhões de litros, sendo, portanto, um volume substancialmente superior às necessidades estimadas.