Potenciais ganhos de eficiência no tratamento renal com estratégias comportamentais no processo de decisão sobre doação de órgãos

Abstract

Resumo : Em 2020 haviam cerca de 27 mil pessoas na fila de transplante renal no Brasil, sendo que em 2030 esse número pode chegar a 55 mil. A maioria desses indivíduos recebe tratamento de hemodiálise, gerando um custo por paciente de R$ 337 mil em 10 anos; em contrapartida, o transplante renal por meio de doador falecido custa R$ 163 mil - uma redução de 52%. Além disso, o transplante gera um ganho de 6 QALYs para o paciente, sendo que a hemodiálise gera em torno de 4 QALYs. O objetivo deste trabalho é avaliar o impacto orçamentário de políticas comportamentais que têm potencial de aumentar o número de doadores no Brasil. Para isso, uma meta-análise com 4 pesquisas nacionais identifica os principais motivos de recusa no processo de doação, a seguir, estratégias comportamentais (como nudges e heurísticas) são apresentadas e seus seus impactos potenciais são analisados em árvores de decisão nas quais indivíduos e famílias se enquadram durante o processo de doação. Por fim, as intervenções propostas podem gerar economias de até R$ 1,37 bilhões em 10 anos, indicando que há ganhos de custo efetividade no tratamento por meio de transplante renal devido ao menor nível de gastos e ganhos de até 46 mil QALYs observado nos pacientes com doença renal crônica.