O efeito da remuneração executiva no comportamento míope dos CEOs das empresas brasileiras listadas na B3
Abstract
Resumo: O estudo teve como objetivo analisar o efeito da remuneração executiva no comportamento míope dos CEOs das empresas brasileiras listadas na B3. A amostra contemplou 195 empresas não financeiras no período de 2010 a 2019. Como proxies para o comportamento míope dos CEOs foi utilizado a soma do crescimento dos investimentos em capex com o crescimento dos investimentos em participações societárias, uma vez que uma das consequências imediatas da miopia gerencial é a redução dos investimentos de longo prazo. As variáveis independentes de interesse consistiram no percentual da remuneração variável de curto e de longo prazo concedidas à diretoria estatutária das corporações. Para atender o objetivo de pesquisa foram propostos três modelos econométricos, estimadas regressões de dados em painel por efeitos fixos, aleatórios e para maior robustez os modelos significativos foram estimados por Generalized Method of Moments (GMM System). Os resultados apontaram que a concessão de incentivos de longo prazo está associada a uma menor miopia gerencial, e que os incentivos de curto prazo não estão relacionados ao comportamento míope dos executivos das empresas analisadas. Algumas variáveis de controle relacionadas a características próprias das organizações brasileiras mostraram ter influência na política de investimentos, como a presença de CEOs membros da família proprietária que indicou estar negativamente associada com os investimentos. Com relação ao ambiente institucional, cabe destacar que a incerteza da política econômica e a ideologia política mostraram influência nos investimentos das corporações. O resultado é relevante e contribui com a literatura e stakeholders em geral, pois demonstra que a remuneração variável concedida aos executivos é um fator estratégico que pode minimizar a miopia gerencial, bem como evidencia que as decisões dos gestores em relação ao horizonte temporal de alocação de recursos são influenciadas também por características próprias das empresas e do ambiente institucional e por isso não podem ser atribuídas apenas ao aspecto comportamental do CEO. Abstract: The study aimed at analyzing the effect of executive compensation on the myopic behavior of CEOs of Brazilian companies listed on the B3. The sample included 195 non-financial companies in the period from 2010 to 2019. As proxies for the myopic behavior of CEOs, the sum of investment growth in capex and investment growth in equity interests was used, since one of the immediate consequences of managerial myopia is the reduction of long-term investments. The independent variables of interest consisted of the percentage of short- and long-term variable compensation granted to the corporations' statutory board of directors. To meet the research's objective, three econometric models were proposed, panel data regressions by fixed, random effects were estimated, and for greater robustness, the significant models were estimated by Generalized Method of Moments (GMM System). The results showed that the granting of longterm incentives is associated with lower managerial myopia, and that short-term incentives are not related to the myopic behavior of the executives of the companies analyzed. Some control variables related to characteristics typical of Brazilian organizations were shown to have an effect on investment policy, such as the presence of CEOs who are members of the company-owning families, which was negatively associated with investments. Regarding the institutional environment, it should be noted that the uncertainty of economic policy and political ideology also influence the investments of corporations. The result is relevant and contributes to the literature and stakeholders in general, as it demonstrates that the variable remuneration granted to executives is a strategic factor that can minimize managerial myopia, and indicates that managers' decisions regarding the resource allocation time horizon are also influenced by of company characteristics and institutional environment and, therefore, cannot be attributed only to the CEO's behavioral aspect.
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