A capacidade racional das mulheres : Judith Murray e a educação feminina nos Estados Unidos (1784-1798)

Abstract

Resumo: A presente dissertação analisa a relação de Judith Murray com a escrita durante os anos de 1784-1798 para entender a crítica que fazia à posição das mulheres na sociedade americana e a necessidade de educação mais qualificada para exercerem a Cidadania Republicana. Partindo das perspectivas da História da Cultura Escrita, da Crítica Literária Feminista e dos estudos de Gênero, utilizo os conceitos de "Redes de Sociabilidade", "Autoria Feminina", "Educação", "Religiosidade" e "Cidadania Republicana", para entender como Judith Murray (1751-1820) ressignificou alguns estereótipos femininos e buscou provar a capacidade intelectual das mulheres para questionar imagens femininas idealizadas durante este período. Utilizando-se de dois pseudônimos - Constantia e Mr. Gleaner - Murray produziu importantes ensaios que publicou em diversas revistas entre os anos de 1790 e 1820 na região de Boston, Massachusetts. Através de seus textos ela contribuiu significativamente com o debate a respeito da igualdade de direitos após a Revolução Americana. Ao longo de suas obras ela fez reflexões críticas sobre o estatuto social e político das mulheres no final do século XVIII e início do século XIX, quando um novo modelo de organização nacional estava sendo pensado. Sua problematização do espaço público e privado a levou a escrever sobre as responsabilidades das mulheres e sobre o papel da religião na organização social. A análise de três de suas obras - Desultory Thoughts upon the Utility of Encouraging a Degree of Self-complacency, Especially in Female Bosoms (1784), On the Equality of the Sexes (1790) e Observations on Female Abilities (1794) - nos permite delinear a fundamentação das suas concepções sobre a desigualdade social e o espaço das mulheres e analisar a tonalidade política inserida na educação através dos jornais e periódicos.

Abstract: The present dissertation analyzes Judith Murray's relationship with writing from 1784 to 1798 in order to understand her criticism of the position of women in American society and the need for their better education for them to be Republican Citizens. From the perspective of the History of Written Culture, the Feminist Literary Criticism and Gender Studies, I use the concepts of "Sociability Networks", "Female Authorship", "Education", "Religiosity" and "Republican Citizenship" to understand how Judith Murray (1751-1820) shifted some of the female stereotypes and sought to prove the intellectual capacity of women to question idealized images during this period. Using two important pseudonyms - Constantia and Mr. Gleaner - Murray produced important essays which she published in several magazines in the 1790s and 1820s in Boston, Massachusetts. Through her published texts she significantly contributed to the debate regarding equal rights after the American Revolution. Throughout her works, she criticized the social and political status of women in the late 18th and early 19th centuries, when a new vision of national organization was being sought. Her problematization of public and private space led her to write about women's responsibilities and the role of religion for the social organization. The analysis of three of her texts - "Desultory Thoughts upon the Utility of Encouraging a Degree of Selfcomplacency, Especially in Feminine Breasts" (1784), "On the Equality of the Sexes" (1790) and "Observations on Female Abilities" (1794) - allows us to outline the foundations of what she understood for social inequality, the space of women and analyze the political tone in education through newspapers and periodicals.