Crianças e adolescentes com deficiência em situação de violência : entre vulnerabilidades e exclusões

Abstract

Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo analisar a violência cometida contra crianças e adolescentes com deficiência, em um Município da Região Metropolitana de Curitiba - PR, segundo perfil da vítima e da agressão, nos anos de 2015 a 2019. A pesquisa fundamentou-se em autores que discutem a interconexão entre deficiência e violência (Wanderer, Ferreira, Goodley, entre outros), violência contra crianças e adolescentes com deficiência (Algood et al, Sullivan, Berastegui e Gomez -Bengoechea, Barros, Deslandes, Cavalcante e Minayo), bem como autores que discorrem sobre deficiência e outros conectores sociais de vulnerabilidade: gênero, raça e desigualdade social (Diniz, Mello, Melo, Cavalcante e Goldson). Tal proposta teve como base metodológica a utilização de relatórios informativos disponibilizados pela gestão municipal dos registros da Assistência Social e de microdados obtidos em sítio público acerca da população com deficiência e da violência (2015-2019), com a finalidade mapear as situações de agressões e maus-tratos infringidas contra crianças e adolescentes com deficiência e realizar a análise cruzada das seguintes categorias: violência sofrida, deficiência declarada, gênero, raça-cor, idade e situação econômica das famílias. As principais conclusões foram as seguintes: a) crianças e adolescentes com deficiência estão mais suscetíveis a sofrerem agressão se comparadas a seus pares sem deficiência; b) sujeitos com deficiência intelectual sofrem mais violência quando compradas a outros tipos de deficiência; c) O tipo de violência mais perpetuada foi a negligência d) meninos com deficiência estão mais vulneráveis que meninas com deficiência a sofrerem maus tratos; e) a faixa etária onde foram encontrados mais casos de violência foi a adolescência; f) a maioria dos sujeitos com deficiência em situação de violência é da cor branca; g) A faixa de renda em que se encontram a maioria das famílias em situação de violência é de R$ 140,00 a ½ salário mínimo. A pesquisa aponta que as ações discriminatórias no bojo da sociedade para com sujeitos com deficiência, o isolamento familiar e a segregação são fatores que corroboram para este cenário. As ações para o enfrentamento e combate deste fenômeno devem abranger o sujeito e sua família e, em especial, a sociedade.

Abstract: This study aimed to analyze the violence committed against children and adolescents with disabilities who were based on a city near Curitiba, PR, according to the profile of the victim and the aggression suffered during the years of 2015 to 2019. The study was built on authors that discuss the connection between children with disabilities and violence (Wanderer, Ferreira, Goodley, among others); violence against children and adolescents with disabilities (Algood et al, Sullivan, Berastegui and Gomez - Bengoechea, Barros, Deslandes, Cavalcante and Minayo), as well as authors who discuss how disabilities and other social connections of vulnerability are connected by: gender, race and social inequality (Diniz, Mello, Melo, Cavalcante and Goldson). Furthermore, this study was grounded on the use of informational reports acquired from the municipal management of Social Assistance records and also microdata obtained from the public site of people with disabilities and violence (2015-2019), to map the events related to aggression and mistreatment of children and adolescent with disabilities. In addition, we intended to develop a cross-analysis of the following categories: violence suffered, declared disability, gender, race, age and socioeconomic status of the families. The main results are: a) children and adolescents with disabilities are more inclined to suffering aggression compared to their peers without disabilities; b) students with learning disabilities experience more violence when compared with other kinds of disabilities; c) The most prevalent type of violence was negligence d) The boys with disabilities are more frequent targets of violence than girls with disabilities; e) Regarding the age group, childhood represents the phase with the most cases of violence; f) Although the majority of students with disabilities suffering violence are described as white; g) The income range in which most families in situations of violence are located is R$ 140.00 to ½ minimum wage. The research shows that discriminatory behaviors, family isolation and segregation with people with disabilities are the factors that most contribute to this scenario. Therefore, the actions to face and deal with this phenomenon must include the student, his family and, especially, the society.