O trabalho das brigadas voluntárias no manejo integrado do fogo em unidades de conservação e a relevância da participação da sociedade civil organizada

Abstract

Resumo: No Brasil Unidades de Conservação (UC) são áreas protegidas por lei. Algumas destas UCs são acometidas por incêndios florestais todos os anos. Incêndios estes que causam impactos negativos diretos e indiretos. Porém o fogo tem duas faces, o fogo ruim dos incêndios florestais e o fogo bom do manejo integrado do fogo (MIF). Dentro de uma realidade onde a conservação ambiental está ligada à qualidade de vida e tem sido entendida como de responsabilidade de todos não apenas do Estado. O trabalho voluntário ligado aos incêndios florestais nas UCs e áreas de relevância ambiental é cada vez mais importante. Este estudo tem como objetivo, demonstrar que as brigadas voluntárias podem apoiar significativamente no MIF. Por meio da verificação da evolução no número de brigadas voluntárias, da identificação de quantas participam de atividades relacionadas ao MIF e da avaliação se atividades programadas de MIF, podem apresentar maiores possibilidades de participação das brigadas. Foi realizada uma pesquisa dirigida semiestruturada à 54 UCs e 20 brigadas voluntárias em MG. Houve a participação de 37 das UCs e de 14 brigadas. Trinta e sete UCs responderam ter problemas com os incêndios e entendem como importante a participação das brigadas voluntárias em ações ligadas aos incêndios florestais. Trinta e duas destas UCs tem brigadas voluntárias organizadas e atuantes. Vinte e sete ainda não utilizam o MIF, oito já realizam o MIF e quatro tem apoio de brigadas voluntarias na realização deste. Foram identificadas pelo ano de criação, duas brigadas em 2003 e 18 em 2020, o que demonstra um crescimento acentuado nas atuações voluntárias em incêndios florestais em UCs de MG. Das 14 brigadas participantes oito desenvolvem atividades relacionadas ao MIF. Foi ainda perguntado tanto às UCs quanto às brigadas, se as atividades programadas do MIF poderiam facilitar uma maior participação das brigadas em relação aos combates. Vinte e uma das UCs e nove das brigadas apontam que a programação pode facilitar a participação voluntária. Conclui-se que há necessidade de mais treinamentos relacionados ao MIF para as brigadas voluntárias e este deve deixar claro que o MIF tem várias atividades além da queima prescrita e que é importante a participação das brigadas em todas as etapas. As brigadas têm uma participação significativa comprovada em combates, mas ainda não tem uma avaliação da participação estratégica delas no MIF, o trabalho das brigadas precisa ser mais pesquisado, detalhado e registrado pois, podem fomentar o conhecimento e o envolvimento da sociedade civil, ajudando a desmistificar o uso do fogo, ampliar a qualificação das equipes, a reduzir os custos com os combates, a vulnerabilidade e descontinuidade dos trabalhos.

Abstract: In Brazil protected areas (UC) are areas protected by Law. Some of these UCs areas are affected by wildfire every year. Fires that cause direct and indirect negatives impacts. However the fire has two sides, the bad fire of the wildfire and the good one of the integration fire management (MIF). In a reality that the environmental conservation is linked to the quality of life and has been understood as a responsabily of everyone and not just of the State. The voluntary work related to the wild fire on the UCs and areas of envaironmental relavance is more important every day. This work aims to demostrate that voluntary brigades can significantly support MIF. By verifying the evolution in the number of voluntary brigades, identifying how many participate in activities related to the MIF and evaluating whether programmed MIF activities can present greater possibilities for the participation of the brigades. It was made a semistructured research on 54 UCs and 20 voluntary brigades in MG. There was the participation of 37 of the UCs and 14 brigades. Thirty-seven UCs answered that they had problems with the fires and understood that the participation of voluntary brigades in actions related to the wild fires was important. Thirty-two of these UCs have organized and active voluntary brigades. Twenty-seven still do not use the MIF, eight already carry out the MIF and four have the support of voluntary brigades to carry it out. During the year of creation, two brigades were identified in 2003 and 18 in 2020, which demonstrates a marked growth in voluntary actions in wildfires in UCs in MG. Of the 14 participating brigades, eight carry out activities related to the MIF. It was also asked both the UCs and the brigades, if the programmed activities of the MIF could facilitate a greater participation of the brigades in relation to the fighting. Twenty-one of the UCs and nine of the brigades point out that the program can facilitate voluntary participation. It is concluded that there is a need for more training related to the MIF for the voluntary brigades and this should make it clear that the MIF has several activities in addition to the prescribed burning and that the participation of the brigades in all stages is important. The brigades have a proven significant participation in combat, but still do not have an evaluation of their strategic participation in the MIF, the work of the brigades needs to be more researched, detailed and recorded because they can foster the knowledge and involvement of civil society, helping to demystify the use of fire, expand the qualification of the teams, to reduce costs with the fighting, the vulnerability and discontinuity of the work.