Efeitos metabólicos e transporte do ácido niflumico no fígado do rato
Resumo
Resumo: O ácido niflúmico é um anti-inflamatório não-esteróide, derivado do ácido antranílico. Neste trabalho foram investigados (a) a ligação do ácido niflúmico à albumina, utilizando a técnica da diálise de equilíbrio; (b) alguns efeitos metabólicos do ácido niflúmico no fígado de rato em perfusão isolada, principalmente aqueles ligados ao metabolismo energético; (c) o transporte e a distribuição do ácido niflúmico no fígado, com o auxílio da técnica da diluição de indicadores múltiplos. A análise das curvas ligação do ácido niflúmico à albumina bovina revelou um total de 36 sítios de ligação. O melhor modelo de Scatchard encontrado é um modelo com três classes de sítios: (1) classe de quatro sítios com constantes de dissociação iguais a 12,3 uM; (2) classe de dois sítios com constantes de dissociação iguais a 86,1 uM; e (3), classe de 30 sítios com constantes de dissociação iguais a 4,98 mM (sítios de baixa afinidade). Em concentrações fisiológicas de ácido niflúmico e albumina apenas os sítios de alta afinidade estarão ocupados. Os efeitos metabólicos do ácido niflúmico são consistentes com um desacoplamento da cadeia respiratória, conforme detectado anteriormente em mitocôndrias isoladas. O composto ativa processos citosólicos geradores de ATP (glicólise, frutólise e oxidação de glicerol) e inibe processos biossintéticos (neoglicogênese a partir de piruvato e glicerol e transformação de frutose em glicose). A par da inibição da neoglicogênese, o consumo de oxigênio é ativado. Esta ativação se dá quase que apenas na cadeia respiratória. A inibição da neoglicogênese contrasta com a liberação de glicose a partir de glicogênio endógeno (glicogenólise), a qual é ativada. Os efeitos metabólicos do ácido niflúmico correlacionam com a concentração da forma livre no perfusado. A neoglicogênese a partir de piruvato é inibida em 50% por ácido niflúmico portal livre igual a 18,82 uM. O transporte e a distribuição intracelular do ácido niflúmico revelaram uma passagem extremamente rápida através da membrana celular e um espaço de distribuição aparente muito maior do que o espaço aquoso. Na ausência de albumina e quando presente na veia porta numa concentração igual a 10 uM, a razão espaço aparente do ácido niflúmico/espaço aquoso (1+$) é igual a 43,5. Esse valor diminui com o aumento da concentração do ácido niflúmico e na presença de albumina. Mesmo com 90% de ligação à albumina no espaço extracelular, no entanto, o valor de 1+0 ainda é igual a 5,1. O grande espaço aparente do ácido niflúmico reflete uma alta concentração intracelular. Esta alta concentração intracelular não parece ser devida a algum sistema de transporte concentrativo e sim consequência de ligação a componentes intracelulares. Foi possível calcular curvas de ligação do ácido niflúmico aos componentes intracelulares, as quais revelaram duas classes de sítios de ligação com uma capacidade total de ligação igual a 7,97 umol . (ml espaço aquoso intracelular)-1. É possível que os demais ácidos fenâmicos (ácido mefenâmico, ácido flufenâmico, etc.) tenham comportamento semelhante ao do ácido niflúmico no tocante ao transporte e ao espaço de distribuição.
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