Cogito e temporalidade em Sartre
Resumo
Resumo: A dissertação procura esclarecer na obra de Sartre as relações entre a estrutura fundamental do sujeito, o cogito pré-reflexivo (que fundamenta a evidência da reflexão no cogito cartesiano), e a temporalidade. Com o estabelecimento da negatividade no interior do cogito pré-reflexivo, negatividade que marca a distância entre os termos da estrutura reflexo-refletidor, a consciência sartriana tem sua identidade desestabilizada (a consciência só é si mesmo como presença a si). Com efeito, a consciência, no seu surgimento como consciência pré-reflexiva, nega sua identidade imediata com a consciência intencional. No entanto, a consciência não poderia ser pura e simplesmente essa negação da intenção que ela é: ela seria sua negação a maneira do Em-si. A consciência não pode ser essa negação indiferentemente. Ela deve sustentar essa negação transcendendo-se incessantemente: a consciência só pode ser a negação que a constitui evadindo-se rumo a uma totalidade. O próprio movimento pelo qual a consciência se auto-constitui a obriga a transcender-se temporalmente. Dessa maneira, para Sartre, a temporalidade não é uma determinação contingente da consciência, pois é originada no mesmo movimento de auto-negação que constitui a presença a si, que funda o modo de ser "Para-si". Então, a evidência imediata da reflexão não fornece um ser instantâneo, mas um ser já disperso temporalmente.
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