Colonialidade democrática : uma ferramenta de ocultamento do racismo
Resumo
Resumo : Ao longo da última década, o Brasil vivenciou a construção de políticas afirmativas, que tornaram possível o acesso de um número maior de negros (as) à universidade e em outros setores da sociedade que tradicionalmente eram espaços de brancos. Uma conquista da democracia, mas que só foi possível com a luta do movimento negro contra a tendência de reduzir o problema do racismo apenas à aspectos puramente sociais e econômicos. Enquanto isso, a colonialidade continuou mantendo o racismo de um modo oculto em meio às ideias libertárias do pensamento democrático de origem europeia. Nesse sentido, percebemos a importância desse estudo dentro da educação das relações ético-raciais para desconstruir o preconceito racial em nossa sociedade brasileira. Com base nesse contexto, objetivamos analisar de que modo a imposição da democracia de origem europeia, mesmo com base em um discurso libertário, se manteve como uma colonialidade, servindo como ferramenta para o ocultamento do racismo no Brasil. A metodologia utilizada é a pesquisa documental indireta, na qual se encontram a pesquisa documental e as bibliográficas. Sendo que destacamos os seguintes autores: Montesquieu, Rousseau, Karl Popper, Hannah Arendt, Aníbal Quijano, Carlos Moore, Marcelo Paixão, Thomas E. Skidmore e Kabengele Munanga. Suas teorias nos ajudaram a perceber que além dos ideais revolucionários, o iluminismo e o colonialismo relegou à civilização ocidental um pensamento dominante de origem europeia, inclusive no que tange ao seu caráter racista. No caso do Brasil, o pensamento eurocêntrico trouxe a ideia de progresso e de separação das raças. Um pensamento que ajudou a elite branca brasileira na construção de uma política de branqueamento da população negra e na defesa do mito-ideologia da democracia racial. Assim, a dominação europeia sobre os negros no Brasil não findou com a abolição da escravatura, mas se manteve ao construir no inconsciente do negro o desejo de assimilação, como se isso fosse uma coisa positiva de base democrática. Mas ao mesmo tempo em que não se falava abertamente em racismo, o convívio social brasileiro continuava sendo profundamente discriminatório. É nesse âmbito que percebemos a necessidade da reconstrução da identidade negra no Brasil, principalmente no âmbito educacional, para que possamos impedir a continuidade das diversas formas de inferiorização do negro e da cultura afro, a colonialidade oculta em meio aos discursos "democráticos".